O Sr.
Trousseau admitido às ordens menores. Na vida religiosa e sacerdotal,
precisa-se de um dom total de si mesmo. Há horas decisivas na vida espiritual.
O que se deve fazer então. Notícias dos irmãos.
Vaugirard,
18 de junho de 1867
Caríssimo
amigo e filho em N.S.,
Participo
nas santas alegrias que o Senhor derramou em sua alma por ocasião de sua
admissão às ordens menores. Não se saberia duvidar de que esse bom Mestre tenha
aparecido no fundo de seu coração, já que deixou ali o sinal mais certo de sua
ação em você: um sentimento profundo de humildade, um desejo ardente de
adquiri-la, uma percepção nítida dos preciosos bens que ela nos procura. Feliz
será você, caríssimo amigo, se essa doce e divina impressão for duradoura e se
levá-lo a trabalhar eficazmente para manter seu espírito nessa santa
disposição. Pode-se pensar que essa luz mais viva que luziu a seus olhos é uma
graça de escol que o Senhor lhe reservou para esse lindo dia da ordenação e,
como o notará, é a graça própria ao grau das ordens em que estava admitido. Que
bom augúrio para o futuro! Nosso Senhor não parece ter-lhe dito: “Faça valer,
meu caro filho, o talento que lhe confio hoje, e mais tarde, se tiver sido
fiel, outros talentos mais abundantes lhe serão logo concedidos.”? Coragem,
caro amigo, essas promessas são animadoras demais para que não dê,
resolutamente, um passo decisivo que o assentará na humildade e numa generosa
abnegação. Na vida comum ou secular, virtudes ordinárias podem bastar; mas na
ordem puramente sobrenatural, na vida religiosa e sacerdotal, virtudes
eminentemente francas, generosas são as únicas admissíveis; uma meia-consagração,
um dom incompleto de si mesmo não poderiam bastar nem responder à grandeza da
posição.
Abundo
completamente em seu pensamento, caro amigo, e insisto de propósito sobre as
afeições tão cordiais que contém sua carta, porque sei, por uma longa experiência,
que há horas decisivas na vida espiritual, em que Deus fala alto à
nossa alma. Se respondemos ao apelo, se somos fiéis à graça, entramos para um
mundo superior e ali nos assentamos definitivamente. Que felicidade seria para
você se esse momento tivesse vindo e se pegasse na mão que o doce Mestre tendeu
para você! Confio nisso e vou fazer rezar por você nessa intenção. Faça esforço
para se manter. Não fique desconcertado se alguns enfraquecimentos voltam às
vezes, levante-se depressa e avance sempre, chegará ao objetivo.
O
Sr. Lantiez nos traz boas notícias de toda a sua casa, é uma alegria para nós.
Nossos irmãos vão bastante bem aqui também, fora do Sr. Paul [Baffait] que
continua lânguido em Chaville e se restabelece dificilmente.
Aguardamos
nossos seminaristas de Issy para o dia 27 e o Sr. Chaverot para o dia 30. Logo
o pessoal eclesiástico estará mais importante ao nosso redor. Vimos, nestes
dias, o Sr. des Francs. Ele me disse confidencialmente que o jovem Sr.
Savigny, que está presentemente em Pithiviers numa casa de comércio, se tinha
aberto a ele sobre seu desejo firme de entrar entre nós. Deve vir fazer um
retiro em casa no mês de setembro para resolver essa disposição. Precisa-se de
discrição, por causa de seu pai que tem pouca inclinação para vocações
religiosas. Esperemos que responderá se Deus o chamar; diz-se que tem um pouco
de indecisão no caráter.
Seu
amigo e Pai afeiçoado em Jesus e Maria.
Le Prevost
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