Medidas para curar um
irmão, doente imaginário.
Vaugirard,
22 de novembro de 1867
Caríssimo
amigo e filho em N.S.,
Todos
aqui pensamos, há muito tempo, que a imaginação entrava por muito no estado de
saúde do Sr. padre Jean [Gauffriau] e que, com um pouco mais de firmeza na
vontade, poderia se livrar de várias das escravidões que lhe impõe seu medo
excessivo da aparência mesma de um sofrimento. Achamos que há, certamente,
alguns pontos fracos em seu organismo, mas que exagera a si mesmo essa
debilidade e que prejudica assim, provavelmente, a sua saúde, de que cuida
demais, e, certamente, a ação que poderia ter sucessivamente nas obras.
Antes
de tudo, o tempo que consagra à oração é curto demais. Se uma aplicação muito
persistente o cansa, poderia suprir a brevidade de sua oração da manhã, fazendo
ao menos, em outro momento do dia, uns quinze minutos de meditação. Por que, no
sábado, a leitura truncada? Se deita-se mais cedo, parece que poderia se
levantar menos tarde.
Se
toma vinho de manhã, um pouco de sopa substituiria vantajosamente o chocolate;
explica-se dificilmente chocolate e vinho juntos, há nisso um tipo de abuso.
Se
é verdade que seu estômago, um pouco fantasioso, tenha umas lassidões durante o
dia, um pouco de goma não açucarada substituiria o chocolate, de que se pode
fazer uma sensualidade, a menos de um hábito de mortificação constante.
O
quarto fechado é totalmente fora de nossos usos e não é motivado em aparência,
nem cabelos longos de modo um pouco notável.
O
Sr. Risse se queixava do pouco de resistência que tinha o Sr. Jean contra os
entusiasmos do santo ministério. Constatou que, a não ser que esteja
estritamente limitado em seus serviços exteriores, daria logo azo à observação,
para a execução de suas funções essenciais.
Para
a confissão das mulheres, tenho quase certeza de que Monsenhor se oporia, seu
pensamento a esse respeito já me foi manifestado. Desejo que não entremos nesse
caminho.
Paro
aqui, vou escrever duas palavras a nosso caro irmão Moutier, que me mostra boas
disposições e que desejo encorajar.
Assegure
nosso caro padre Jean de que minhas pequenas observações sobre seu regulamento
me são inspiradas somente pelo sentimento que tenho de todo o bem que pode
fazer, se conseguir fortalecer alguns pontos fracos que ficam em sua imaginação
e em sua vontade.
Adeus,
meu caríssimo amigo e filho em
N.S. Acredite, com todos os seus irmãos, em meu terno
devotamento em N.S.
Le Prevost
Para
nosso caro Sr. Boiry, não estranho suas boas disposições, bendigo a Deus por
isso. Acho que deveremos pedir a tonsura para a Trindade, se, como espero
muito, tudo se mantiver até lá. Para a filosofia, é uma excelente idéia; o
primeiro volume foi extraviado, farei com que, de um modo ou de outro, tenha um
quanto antes.
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