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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 1202 - 1300 (1867 - 1868)
    • 1291 - ao Sr. Girard
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1291 - ao Sr. Girard

Conselhos sobre a parte de autoridade a deixar ao Sr. Charrin. Necessidade da entrega à vontade de Deus: entrado na vida religiosa, o religioso entrou “na conduta de Providência onde Deus se reserva conduzir tudo sem lhe deixar prever nada, ao menos de longe”. Notícias de Sainte-Anne. Bênção do papa.

 

Chaville, 12 de abril de [1868]

 

Caríssimo amigo e filho em N.S.,

 

Não achei, até agora, o momento para lhe escrever e responder às suas afetuosas cartas. A vida nômade que levo desde o começo do inverno favorece pouco a ordem e a atividade nas ocupações, mas levei em conta as comunicações que continha sua correspondência e, sobretudo, me recordei, diante de Deus, de tudo o que lhe interessava.

 

Estranharia muito que suas caras irmãs não tivessem recebido sua primeira carta: eu mesmo a pus num envelope com um selo e a confiei a um de nossos irmãos para levá-la imediatamente. O Sr. Myionnet esteve à sua casa ontem para avisar suas irmãs dos pedidos que fazia em roupas, etc., e, ao mesmo tempo, para dar-lhes notícias suas e tomar delas. Não o revi depois, mas o Sr. Charrin lhe dirá o resultado dessa visita, o qual, espero, será tranqüilizador para você.

 

Acho, meu caro amigo, que será melhor, por causa de sua idade e de sua maior experiência, ter autoridade sobre o Sr. Charrin que, aliás, encontraria dificuldade, tenho certeza, em pegar as coisas de outra forma. Encontrará nele um ajudante dedicado e cheio de boa vontade. É também de um caráter manso e amável que o tornará agradável aos que freqüentarão o Círculo. Não se apresse, no entanto, sistematicamente, para lhe deixar plena influência, direção, vigilância. Necessita de amadurecer um pouco para que se possa confiar tanto nele. Ainda não está acostumado a prever o conjunto das coisas num empreendimento ou operação qualquer e a acompanhá-lo com ordem e precisão. Contar demais com ele, desde o início, seria se expor a decepções. Guarde, portanto, por enquanto, a responsabilidade dos movimentos. Verá aos poucos o que pode, sem medo, lhe entregar. Vejo bem, como você, que resultará um pouco de incômodo e talvez de atraso para seus estudos nesses cuidados dos primeiros tempos, mas conte com Deus que bem saberá lhe devolver em assistência de graça o que tiver sacrificado para seu serviço. A obra que faz é empreendida para sua única glória. Nem você, nem nós intrometemo-nos nela por nossa vontade própria; estamos nela porque nos pareceu claramente que Ele nos chamava. Tenhamos, portanto, confiança: com ou sem êxito, com dificuldades ou atrasos, tudo será bem, já que tudo será pesado e determinado por sua sabedoria e seu amor. Façamos bem hoje o que Ele nos para fazer; amanhã, Ele nos dirá o que espera de nós. Pareceu-me que não estava isento de um pouco de preocupação sobre o futuro e sobre o momento em que reencontraria uma plena liberdade para retomar a regularidade costumeira de seus movimentos e de seus estudos. Entrando totalmente à disposição de Deus pela vocação religiosa, entrou na ordem sobrenatural, na conduta de Providência em que Deus se reserva tudo conduzir sem nos deixar prever nada, ao menos de longe. É preciso, nessa via, muita entrega e não muito raciocínio. Quando se entra nela francamente e sem resistência, se é grandemente consolado, pois se sente a ação divina quase visivelmente e nada é tão doce para a alma do que ver que não está sozinha e que Deus lhe é presente. Entrega de si e confiança, chegaremos a melhor do que teríamos ousado esperar.

 

Todos os nossos irmãos me falam de você com interesse e afeição, os de Chaville e de Sainte Anne em particular, mas todos de maneira geral. Você já é da família e seu lugar, preparado um pouco desde há muito, se fez bem rapidamente. Nossos retiros se processaram bem, ainda não sei os resultados definitivos, mas tenho motivo para confiar que serão felizes. Não ouvi dizer quase nada de Sainte Anne: os Srs. Planchat e Derny, saídos há mais de oito dias, não deram sinal de vida, mas não terão ficado inativos. Está bem certo disso como eu, o Sr. Planchat, nesse ponto, deu bastantes provas, de modo que não haja inquietude sobre o emprego de seu tempo.

 

Hoje, dia da Páscoa, recebemos a bênção obtida para nós do Soberano e bem-amado Pontífice Pio IX. Somos convencidos de que traz para nós graças abundantes. Sem dúvida, você a terá recebido diretamente com o Sr. Maignen. Invejamos sua felicidade. Confio que sua estada em Roma, qualquer que seja sua duração, será benfazeja para sua alma e vantajosa para sua carreira no sacerdócio. É uma grande alegria, é uma graça de escol para um padre ter tocado os túmulos e as relíquias dos Santos Apóstolos e de tantos Santos que compõem em Roma como que uma cidade à parte e como que um vestíbulo do Céu.

 

Se encontrar à disposição o livro de Monsenhor Gerbet sobre Roma, você o lerá com proveito. Outros dizem as maravilhas exteriores dessa cidade abençoada, ele penetra-lhe a vida íntima e a elevada significação.

 

Adeus, meu excelente amigo e filho em N.S. Quando o reverei? Logo ou após muitos dias? Não sei, não sabemos. Mas está bem guardado, os anjos com os santos devem agradar-se em Roma. Meu espírito miserável se enfiará muitas vezes entre eles para visitá-lo, abençoá-lo e também para abraçá-lo terna, paternalmente.

 

Seu amigo e Pai afeiçoado em Jesus e Maria.

 

                                               Le Prevost, padre

 




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