Parecer do
Sr. Le Prevost sobre a questão da propriedade dos imóveis da obra de Amiens.
Importância de ter uma posição independente. Perigos do reconhecimento de
utilidade pública. Volta do Sr. Girard a Paris.
Vaugirard,
27 de agosto de 1868
Meu
caríssimo amigo e filho em N.S.,
O
Sr. de Varax me falou, na sua última carta, sobre o resultado de suas
conferências com o Sr. Cacheleux, sobre a propriedade das duas casas da rua
Saint Jacques e da rua dos Watelets. Se entendi bem, foi feito um tipo de
repartição que atribui a rua dos Watelets à administração que o Sr. Cacheleux
representa, e a rua Saint Jacques a você. Se se considera o que levou a essas
obras, em matéria de cuidados e de sacrifícios, e o que a outra administração
forneceu, para as duas casas em questão, em fundos e recursos, se pode achar
que esta fica mais favorecida do que você no acordo que acaba de ser acertado.
Mas é um tão grande bem ter uma posição independente e nítida que, afinal, é de
se alegrar por uma disposição que lhe assegura essa liberdade.
Para
regularizar o acordo em questão, haverá necessidade de que a parte da casa
Saint Jacques que não é sua, (o Sr. Cacheleux sendo co-proprietário), seja
adquirida por meio de uma venda. Parece-me que o melhor caminho a tomar, para
pôr esse imóvel nas mesmas condições em que se acham a casa da rua de Noyon e a
do Petit Saint Jean, seria que a aquisição da parte em questão de Saint Jacques
fosse feita em nome dos dois membros da Comunidade que são co-proprietários com
você dessas casas Noyon e Saint Jean, dando ao ato de aquisição uma forma de
tontina que faz repousar o imóvel sobre três cabeças, como fizemos até agora
para todos os nossos imóveis. Para que a operação seja bem regular, seria bom
seguir, para a redação do ato, as formas adotadas para as duas primeiras
aquisições. Ficarei satisfeito por ter seu parecer a esse respeito e saber o
que tiver feito para regularizar o negócio. As Comunidades são tão facilmente
inquietadas, seja pelo Governo, seja pelas famílias, que é importante se
colocar de acordo com as regras, na medida do possível.
Para
o reconhecimento das casas como estabelecimentos de utilidade pública, os RR.
PP. Jesuítas, que consultei recentemente, não aconselham essa medida. Asseguram
que o fisco, por diversas vias, acha jeito de impor cargas aos estabelecimentos
autorizados e que a administração, por suas vigilâncias exigentes, lhes cria
também muitos embaraços.
A
época de nosso retiro ainda não está absolutamente determinada, mas
realizar-se-á na última quinzena de setembro. Será pregado pelo R.P. Cotel,
Superior da casa dos Padres em Troyes.
Tudo
vai como de costume aqui. O Sr. Girard, que tínhamos mandado a Roma para o
Círculo dos Zuavos, sofreu muito com o clima de Roma, difícil de suportar
para os estrangeiros, sobretudo durante os meses de verão. Após ter tentado
todos os meios para se refazer, teve, aconselhado pelos médicos, que voltar
para respirar um momento o ar da França. Chegou na quarta-feira, na minha
ausência, e teve que ir até Chaville. Ele está, me dizem, como uma sombra, de
tão enfraquecido. Guardou boa coragem e esteve constantemente sustentado pelo
sentimento do dever cumprido. O Sr. Charrin também está muito doente, rezemos
por eles.
Adeus,
meu excelente amigo, asseguro você e todos os seus irmãos de nossas ternas
afeições em N.S.
Seu
devotado amigo e Pai
Le Prevost
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