Doença do
Sr. Girard. Espírito de pobreza. Ajuda trazida por benfeitores para a formação
dos seminaristas. Não solicitar o reconhecimento de utilidade pública para as
obras, que correriam o risco de estar sob a dependência do Governo.
Chaville,
2 de setembro de 1868
Meu
caríssimo amigo e filho em N.S.,
Deus
seja bendito pelos bons resultados de sua adoração e de sua distribuição de
prêmios. Procure agora descansar um pouco. Esses dois grandes empreendimentos
não devem ter sido montados sem um cansaço bastante notável. Não deveria, por
um trabalho forçado, perder em poucos dias todo o bom efeito de sua estação de
banhos. Estou bem satisfeito por nosso caro Sr. [Adolphe] Lainé tê-lo ajudado
eficazmente. Sabia de antemão que se empenharia, com uma perfeita boa vontade.
Todos os nossos jovens seminaristas se prestam de bom grado e com inteligência
para todo bom serviço que se lhes pede para o bem das obras.
Não
acho que haja necessidade de se comprar um relógio. Tenho vários, entre os
quais alguns são bons; será possível dar um ao Sr. Lainé se o seu não funciona
mais.
Quanto
ao dinheiro (25f)
que me remeteu, foi empregado imediatamente para comprar uma batina, que custou
50f.
Parece que não entende muito bem de onde vem esse dinheiro. É assim: a Sra. de
Bréda, na origem, prometera que proveria os gastos dos estudos do Sr. Adolphe.
Num primeiro ano, deu 600f,
que deviam ser divididos entre ele e seu irmão. No ano seguinte, deu, acho,
somente 150 ou 200f
para ambos os irmãos. Ultimamente, achou melhor avisar o Sr. Adolphe que tinha
resumido esses auxílios em uma pequena renda anual de 100f, que constituíra no seu
tabelião. Aceitamos com gratidão esse donativo, já que é puramente gratuito e
caritativo. Mas, entenderá, e também nosso caro Sr. Adolphe, que a ajuda, por
amável que seja, compensa pouco os gastos da pensão de 800f no seminário e os gastos
de manutenção e de livros e despesas miúdas. A Sra. des Réaux, por sua vez,
tinha assegurado que se encarregaria de uma parte da pensão, ou, no mínimo, da
manutenção. Suas vistas mudaram ou foram mal entendidas, sem dúvida, pois nunca
nos enviou sequer um óbolo. Não sei se esses pormenores são conhecidos por
nosso caro Sr. Adolphe. Talvez seja bom lhe comunicá-los, não, claro, para
diminuir sua gratidão para com a Sra. de Bréda que, há longos anos, foi uma
verdadeira benfeitora para ele e para seu irmão, mas para que a verdadeira
situação seja bem colocada.
O
retiro começará no dia 28 deste mês. Pensou-se um pouco em realizá-lo em
Chaville, a título de experiência, mas começo a duvidar que seja tomada essa
decisão, quando vejo a multidão das disposições que haveriam de ser
tomadas para abrigar e fazer viver juntas mais de 60 pessoas no Noviciado (sem
contar os 10 estudantes) [10 estudantes latinistas: Frézet, Rousseau, Pialot, Mondor,
Chupin, Lepage, Vernay, Sauvage, Herlicq, pequeno empregado, Nicolet]. Quase
não há possibilidade, atualmente, senão para 40. Precisaria trazer todo o
necessário, para os demais, de Vaugirard.
Nosso
jovem Sr. Magnien acaba de chegar. Aguardamos o Sr. Risse do dia 16 ao dia 20.
Disse-lhe que o Sr. Girard viera de Roma bem debilitado. Está se restabelecendo
devagar.
Acreditava
terminado o negócio da casa Saint Jacques. Convença o Sr. Caille a desistir do
projeto de reconhecimento dessa casa como estabelecimento de utilidade pública.
É, no pensamento de religiosos muito sérios que consultei recentemente, uma
verdadeira ilusão, que não exonera realmente os estabelecimentos, que os
submete a dependências embaraçosas em relação à administração e que, em tempos
maus, os põe sob a mão do Governo, para serem mui simplesmente confiscados.
Enquanto um imóvel continua propriedade pessoal, é mais difícil apoderar-se
dele. Nas condições mais firmes, o direito de propriedade está hoje bem
enfraquecido, não se deve, acho, reduzi-lo quase a nada. Tal é também o parecer
do Sr. Superior dos Lazaristas, cuja Casa-Mãe, objeto, para sua Congregação, de
despesas e aquisições imensas, lhe parece, no entanto, mal assegurada, devido a
essa dependência do Governo.
Adeus,
meu excelente amigo, recomendo ao Senhor todas as suas almas, sem esquecer os
envelopes enquanto forem úteis segundo sua Sabedoria.
Seu
amigo e Pai
Le Prevost
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