A respeito
de um irmão que teve uma “conduta tão tristemente leviana e culpada”. Anúncio
da viagem do Sr. Le Prevost a Roma.
Chaville,
25 de dezembro de 1868
Natal
Meu
caríssimo amigo e filho em N.S.,
Fico
vivamente aflito, como você, pelas tristes conseqüências da conduta tão
tristemente leviana e culpada do Sr. Gauffriau. Minha tristeza é tanto maior que
ele não entende, acho, a gravidade do caso e que seu pesar, se tem, não está em
proporção com a infidelidade em que se colocou, no que toca à sua santa
vocação, como padre e como religioso. Se Deus não lhe abrir os olhos, não se
saberia dizer o que se pode esperar de seu futuro.
Acho
que precisa parar, na medida do possível, as conseqüências desse triste caso.
Não
poderia ver o confessor do Sr. Gauffriau e obter deste último que mandasse para
perto de seu confessor a Sra. R., para lhe representar o odioso de seu
comportamento. Se tem um pouco de fé, pode ela continuar a agir como faz e não
iria ceder às representações de um padre respeitável? Não acho que fosse
conveniente você mesmo fazer essa diligência. Não seria possível também
dirigir-se ao confessor dessa mulher?
Se
esses meios, ou outros que acharia melhores, não podem ser empregados, você
teria que examinar se é melhor afastá-lo e se você pode, ou, antes, se a
catedral pode substituí-lo. Por enquanto, não teríamos padre a lhe dar, nem
mesmo irmão leigo um pouco capaz e formado.
Temos
um jovem bom e de caráter amável, que fez um ano e meio de teologia no
seminário de Tours, mas é apenas tonsurado. Além disso, é de tamanho pouco
imponente (menor que todos os nossos padres), de boas maneiras, aliás, com uma
voz firme e conveniente, conhecendo o gregoriano. Contava um pouco, seu desejo
sendo de seguir sua carreira eclesiástica, mandá-lo a Angers pela Páscoa, para
o seminário, ou a Metz. Tem bons certificados e tive, de primeira mão,
informações seguras a seu respeito. É tudo o que veria como possível lhe
propor.
Nesse
caso, escreveria ao Monsenhor de Angers que, me propondo fazer uma ausência de
seis semanas ou dois meses para ir a Roma (assunto quase decidido, com efeito,
para visitar nossos irmãos de Roma), não vejo nenhum outro meio de prover a
certos serviços que exigem o ministério de um padre, fora de retomar, ao menos
temporariamente, o Sr. Gauffriau. Essa disposição faria transição e se
prolongaria em seguida segundo a necessidade.
Veja,
meu caro amigo, o que lhe parece praticável.
O
Sr. Le Camus, é o nome do tonsurado, está em Chaville há três meses.
Acho
que deve dizer ao Sr. Gauffriau, comedidamente para não desanimá-lo
absolutamente, que, informado mais precisamente da gravidade de suas
leviandades, fico profundamente entristecido para o presente e inquieto para o
futuro. Faça, no entanto, o melhor, segundo as circunstâncias. Se tivesse de
voltar para cá, melhor seria, talvez, não lhe fazer recear demais sua volta.
Adeus,
meu caro amigo e filho em
N.S. Entreguemos nossas preocupações e nossas dificuldades ao
pé do presépio: o Deus redentor e reparador remediará tudo.
Seu
afeiçoado amigo e Pai em N.S.
Le Prevost
N.B.
Se fosse aceito o Sr. Camus para a missa da catedral, o que é pouco provável já
que não é subdiácono, talvez Monsenhor lhe desse essa ordem na base das
informações produzidas e suprimiria a dificuldade, ao menos proximamente, se
não imediatamente.
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