Votos de
ano novo. A festa de São João em Vaugirard. Saúdes dos irmãos Pialot e Legrand.
Razões para recusar um candidato. O orçamento dos Círculos de Roma. Não assumir
responsabilidades que correm o risco de prejudicar o bem.
Nazareth,
5 de janeiro de 1869
Caríssimos
amigos e filhos em N.S.,
Escrevo-lhes
coletivamente hoje, não prevendo que consiga fazer-lhes cartas separadas. Teria
sido bem doce para mim, no entanto, responder a todos os seus bons votos da
festa de São João e de ano novo. Cada um de vocês merecia certamente algumas
palavras particulares, mas o que não faço sempre com o papel, não o esqueço
diante de Deus, no Santo Sacrifício particularmente, e seus nomes tão caros
para mim, e suas almas sobretudo, as apresento ao divino Senhor: “Eis, meu
Deus, meus filhos bem-amados: Jean-Marie [Tourniquet], Emile [Beauvais], Eugène
[Charrin] e Charles [Jouin]. O Senhor os conhece bem, estão ali, bem longe de
nós, para seu serviço e o de sua Igreja. Proteja-os, guarde-os,
abençoe-os e permita que eu também, em seu nome, os ame e os abençoe.” Eis o que
digo, não no primeiro dia do ano somente, mas todos os dias. Nossos irmãos
também lhes guardam uma afetuosa lembrança. Falo-lhes muitas vezes de vocês,
leio para eles fragmentos de suas cartas e os torno presentes para eles em toda
a medida do possível. A festa de São João se realizou, neste ano, totalmente em família. O Sr.
Pároco e nosso bom Pe. Beaussier foram os únicos a partilhar nosso almoço de
Comunidade, muito alegre, no entanto, e cheio de cordialidade. À noite, os
jovens operários de Grenelle se encarregaram do divertimento (La fête
interrompue [A festa interrompida], em dois atos), perfeitamente
interpretado por Giraud e outros; sucesso completo, assembléia cheia. Acabou um
pouco tarde, é sempre o inconveniente inevitável quando esses jovens operários,
livres somente às 7 ou 8 horas, são os atores da peça.
Os
irmãos vão bem, salvo o Sr. [Pierre] Pialot que declina muito e não parece
muito poder viver além de algumas semanas. Nosso caro Alexandre [Legrand],
sempre na casa dos Irmãos de São João de Deus, em Lyon, diz que está um pouco
melhor. Espera voltar logo, mas, humanamente falando, essa esperança seria
pouco fundamentada, de tão grave que é seu estado. Só Deus pode fazer essa
maravilha, peçamo-la, o pobre menino é tão gentil e tão bom, serviria tão bem o
divino Senhor. Vocês que estão tão perto dos santos, peçam sua intercessão pelo
pobre Alexandre.
Tenho
o pesar de não poder acolher o pedido do Sr. Lucien [Jacquart]. O Conselho,
consultado por mim, julga que não pode voltar para a Comunidade. Não soube
permanecer nos Lazaristas, foi preciso mudá-lo em todos os postos em que o
colocamos, enfim, fugiu indignamente de Metz, sem razão alguma, deixando o Sr.
Risse e nossos irmãos na inquietação e fazendo com que todo o mundo falasse mal
a seu respeito e sobre a Comunidade que mantinha religiosos como ele. Não
podemos nos expor a novas cenas desse gênero. Não tem má vontade, mas sua
cabeça, extremamente fraca, o leva a desvios que sua piedade, insuficiente
demais, não sabe afastar. Eis as razões do Conselho para não aderir a seu
pedido. Digam-lhe que nos interessamos por ele e veremos com prazer que tome um
partido corajoso e permaneça sinceramente cristão, por sua fé e por sua
conduta.
Mando-lhe
uma carta que me escreveu o Sr. Maignen, após ter examinado seus projetos de
orçamento. Suas observações lhes parecerão talvez um pouco severas, porém o
Conselho pensou como ele que muitos artigos nas despesas pareciam bem
consideráveis, para a iluminação, notadamente, que deve durar apenas uma parte
do ano, e também para o conjunto.
Acho
que seria prudente aguardar Monsenhor Bastide para essa associação piedosa de
Nossa Senhora das Vitórias. Poderá, melhor do que ninguém, julgar o que deve
ser estabelecido, e preferirá reservar para si essa criação.
Para
as pensões a pagar, temo que esse cuidado lhes dê menos vantagens do que
contrariedades. Disseram-me que as exigências dos jovens militares, que não são
sempre satisfeitas, podiam ser uma ocasião de melindres e afastá-los de vocês,
ao invés de atraí-los. Vejam isso entre vocês. Se isso pudesse se realizar,
fariam notá-lo ao Sr. Descemet, aceitando somente o serviço para três meses, a
título de experiência. Não é o trabalho que receiam, mas somente as causas de
contradição com aqueles que procuram edificar.
Continuo
pensando que irei bastante em breve a Roma. A viagem foi adiada, porque
diversas disposições a tomar antes não se efetuaram tão depressa como esperava.
Mas o inverno está somente no começo, confio que meu desejo se realizará. Logo
que o momento estiver precisamente fixado, vou avisá-los. Acho que será o Sr.
de Varax que me acompanhará.
Adeus,
caríssimos filhos, abraço todos vocês com uma ternura toda particular por
ocasião do ano novo; nossos irmãos, os de Nazareth bem especialmente, os
asseguram também de suas ternas afeições.
Seu
devotado amigo e Pai em Jesus e Maria.
Le Prevost
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