Comunicação
das Constituições ao Arcebispado de Paris. Conselhos de paciência para suportar
as contradições e as penas. Agregação à obra da Comunhão Reparadora (Apostolado
da Oração). Orações pelo futuro Concílio.
Paris-Nazareth,
2 de fevereiro de [1869]
Meu
caríssimo amigo e filho em N.S.,
Não
ouvi dizer, de nenhum lugar entre nós, que se tenha recebido um pedido para a
admissão do jovem Goubet em Vaugirard. É verdade que, tendo visto ontem todos
os nossos irmãos no Conselho que se reuniu aqui, esqueci de lhes perguntar se
tiveram alguma comunicação nesse sentido. Na quinta-feira, ao retornar a
Vaugirard, não deixarei de lhes falar sobre isso, particularmente ao Sr.
Lantiez que tinha visto, acho, esse jovem em Arras.
Receberemos
de bom grado o Sr. Gérold para seu pequeno retiro em Chaville. Penso,
como você, que esse descanso espiritual lhe será duplamente útil, tornando-lhe
menos comprido o tempo de espera até sua entrada no Noviciado.
Vamos
somente depois de amanhã, quinta-feira, visitar Monsenhor de Paris. Já lhe
disse, foram precisos oito dias para a comunicação do escrito ao Sr. Icard. Em
seguida, o copista [Sr. Vincent] caiu doente e ficou 15 dias na enfermaria.
Depois, cópia lentamente preparada sobre papel especial para autografia, mau
resultado do trabalho em várias partes, obrigação de refazer, etc. Até agora,
nada ainda de bem desastroso, a estação será menos dura, mas o momento parece
mesmo chegado. Não acho que as demoras, até agora, sejam voluntárias. Um padre
estimável [Sr. Demante], mas de talentos medíocres, mostra o desejo de entrar
na Comunidade. Há certa esperança de que não haja demasiadas dificuldades. Se
chegar a boa conclusão, seria um embaraço a menos para minha substituição em
Chaville nos domingos e festas.
Coragem!
meu caríssimo amigo, em suas dificuldades quotidianas. Não somos felizes,
miseráveis condenados que somos todos aqui em baixo, que o divino Senhor nos
tenha permitido transformar todas as nossas penas, todos os nossos castigos em
tesouros e em preciosos méritos? Se os presos da justiça humana ganhassem a
cada dia importâncias muito elevadas de dinheiro ao sofrerem sua punição, todo
o mundo quereria ir para a cadeia. Ganhemos, para nós, todas as vantagens que
contêm os suportes, as contrariedades, as impressões penosas de cada dia, e
ficaremos muito ricos, e nossas riquezas nos abrirão o Céu. Você tem, aliás, as
alegrias da caridade, pois essas almas fracas que ampara cairiam, se lhes
faltasse apoio e, quem sabe se, com o tempo, não produzirão fruto pela
paciência.
Aqui
também não faltamos de provações semelhantes. Embora nossa pequena família seja
muito pouco numerosa, é difícil passar-se um dia sem que, de algum lado, não nos
aconteça algum golpe penoso. Tornemo-nos duros para suportar o sofrimento
moral, como a gente acostumada às intempéries é forte contra todas as
violências do ar, do frio ou do calor. Infelizmente! eu que lhe falo, sinto-me
ainda com a pele bem tenra!
Procuro
no meu espírito que coisas novas ou interessantes poderia lhe comunicar, não
acho nenhuma. Por isso, acabo, assegurando-o, como sempre, de minha afeição já
velha e pedindo-lhe para assegurar também nossos irmãos de meu bem cordial
apego em Jesus e Maria.
Le Prevost
P.S.
O Conselho decidiu ontem que deveríamos todos nos agregar à associação da
Comunhão Reparadora, na qual os membros se comprometem em oferecer uma comunhão
a cada mês (melhor cada semana), em reparação dos ultrajes feitos a Nosso
Senhor em sua divindade e em sua presença real no Santíssimo Sacramento do
Altar. Nossos irmãos de Amiens apreciarão certamente essa idéia. É preciso: 1o
– fazer parte da Associação do Sagrado Coração; 2o – aceitar um dia
para a comunhão reparadora. 80000 comunhões já se fazem assim por ano ou
por mês, não me lembro. Gostariam de chegar a 80000 por dia, seria a salvação
do mundo. Devemos também mencionar cada dia, segundo o aviso do Conselho, nas
recomendações habituais, a preparação do Concílio. – Adeus.
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