O Sr. Le
Camus deixa o Instituto. Como as dificuldades servem para nos santificar.
Vocação particular dos fundadores: “não são chamados a fazer obras perfeitas”.
Aceitação de um novo atraso. Plano de viagem para Roma. Embaraço para preencher
o vazio causado por sua ausência.
Chaville,
domingo 21 de fevereiro de [1869]
Meu
caríssimo amigo e filho em N.S.,
Tenhamos
confiança, nossas dificuldades são grandes, mas Deus é maior do que as
dificuldades. O Evangelho de hoje dizia: Jesus, aproximando-se, tocou-os e lhes
disse: “Levantai-vos e não temais412.” Obedeçamos-Lhe,
estejamos sem medo e façamos o menos mal possível. Um último recurso nos
sobrava, que poderia ter sido o melhor: o Sr. Le Camus poderia ter adiado por
um mês a retomada de sua teologia em Versailles, onde tínhamos tomado nossas
disposições. Mas, nestes dias, por alguns fatos novos, confirmou nossas dúvidas
sobre sua vocação, senão ao sacerdócio, ao menos à vida religiosa: nos
separamos dele. Já nesta manhã, ele se põe a correr atrás de outro lugar.
Acharemos
um homem para as funções secundárias que sua carta indica. Mas não vejo à nossa
disposição um homem capaz de uma responsabilidade maior. Vou rever amanhã
nossos irmãos na Conferência eclesiástica em Nazareth, conversarei com eles
sobre isso.
Não
desanime pela imperfeição de todos os seus meios. Os fundadores não são
chamados a fazer obras perfeitas, seu caminho na santidade consiste em suportar
com paciência os obstáculos e as angústias que sofrem sem cessar. Somos felizes
por Deus nos deixar esse meio de nos santificar, nós que, na maioria, não
saberíamos chegar a isso, talvez, por eminentes virtudes.
Lamento
um pouco o novo adiamento que pede para nossa saída. Não é por ter pressa
pessoalmente de fazer essa viagem, que é para mim assunto de dever, mas há três
meses estou de partida, nossos irmãos de Roma nos esperam semana após semana,
me acham a caminho a partir da semana que vai iniciar. Adiar ainda é um pouco
lamentável, mas estou decidido, no entanto, a fazer segundo seu desejo. Nossa
partida seria, então, somente na quarta-feira de manhã, em vez da terça-feira,
que você pede para seus recados.
Se
não vir problema para você, eu desejaria não viajar durante a noite noite, pois
a noite me dá um duplo cansaço por causa da insônia. Acho que, a menos de uma calma
perfeita, com que não podemos contar muito, o mar nos seria bem pouco
suportável. Prefiro as segundas classes às primeiras quando se pode assim ter
trens Express. De outro modo, será preciso nos resignar aos trens de primeira
classe, muito mais dispendiosos, mas que abreviam a duração da viagem, tipo de
compensação.
Acho
boas suas observações a respeito do Sr. de Bretenières, é talvez uma graça que
a Providência nos proporciona. Penso que teria sido mais perfeito somente, como
regularidade religiosa, dizer-me uma palavra de aviso antes de fazer a
proposição. Não se contriste com o reparo, feito bem afetuosamente.
Acho
que parar em Lyon seria bom para uma noite. Ir diretamente a Marselha, sem
parar, talvez fosse um pouco duro. Acho, todavia, que se vai até lá agora em 18
horas, o que, no início da viagem, não pareceria impossível.
Não
tenho obrigação de chegar em dia fixo, iremos segundo nossas forças. Penso,
como você, que o Sr. Lemaire não iria à rua de Noyon. Uma idéia me vem, sua
realização seria bem terrível para Chaville, o Sr. Faÿ, os perseverantes, mas
acho que salvaria a posição em sua casa. Seria mandar-lhe o Sr. Vincent durante
sua ausência. Tem educação, conduz aqui muito bem os perseverantes, ensina
muito bem, sabe ocupar seu lugar, é muito superior a todo o seu pessoal, exceto
o Sr. Trousseau, por causa de seu hábito e de suas ordens. Mas o Sr. Faÿ poderá
consentir nisso, no momento em que o Sr. Le Camus, que lecionava numa classe,
se afasta? O Sr. Vincent tem duas ou três classes e participa muito nas
vigilâncias. O Sr. Ginet, cuja responsabilidade foi atenuada neste ano para que
possa estudar um pouco melhor, está há um certo tempo muito doente e
absolutamente incapaz de retomar esse serviço. Quantos sofrimentos, embaraços,
prejuízos talvez para o Noviciado! Parece pouco provável que o Sr. Faÿ possa
aceitá-los. Mesmo assim, vou falar com ele amanhã. Reze para que Deus nos
conduza.
O
Sr. Laroche, em tratamento em Paris, me falou de Goubet, mas não via nenhuma
chance de poder achar alguns recursos para uma pequena pensão. Vaugirard é
pobre demais para aceitá-lo sem alguma indenização. De resto, seria preciso
alguém de Arras ou de outro lugar entrar diretamente em contato com o Sr. de
Lauriston a esse respeito. Só se ouviu falar desse assunto até agora através de
terceiras pessoas, sem missão precisa para tratarem disso. Assim sendo, o
assunto nunca chegará a uma solução em nenhum sentido, a não ser a abstenção e
a vã espera.
Adeus,
meu caríssimo amigo, acho que respondi a tudo, mas o correio, tenho medo, terá
saído. Vou enviar a Viroflay.
Seu
todo afeiçoado amigo e Pai
Le Prevost
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