Narração da viagem para Roma. Conclusão sobre
os frutos espirituais que espera dela o Sr. Le Prevost.
Pise, 9 de
março de 1869
Caríssimas
amigas,
Escrevo-lhes
duas linhas desta cidade de Pise, que é nossa última estação antes de Roma,
para tranqüilizá-las sobre as circunstâncias de nossa viagem. Passou-se bem,
com a ajuda do Senhor. Não deixei de perceber mais de uma vez que estou bem
velho hoje para fazer longas excursões. Tive alguns dias de cansaço um pouco
penoso, mas, poupando nossas forças e estacionando, na medida do possível, à
noite, nas cidades onde passávamos, para evitar estarmos na estrada durante
a noite, chegaremos, acho, sem mal-estares sérios. Passamos somente uma
noite no vagão. Pousamos aqui, esta noite, em Pise, e amanhã, com 11 horas de
estrada de ferro, chegaremos a Roma às 8h.30 da noite. Procuraremos tomar ali
um repouso um pouco prolongado, para nos restabelecermos bem do cansaço da
estrada, antes de fazer qualquer coisa que possa nos dar nova lassidão. O
Sr. de Varax, mais novo do que eu, pôde ressentir menos os mal-estares de uma
tão longa estrada. Experimenta, porém, igualmente uma verdadeira satisfação em
chegar ao término.
Estivemos
assim de Paris a Chalon-sur Saône, no primeiro dia. Como a mãe do Sr. de Varax
reside perto de lá, mandou buscar-nos e passamos a primeira noite na casa dela.
No dia seguinte, pousávamos em Valence; em seguida em Menton (principado de
Mônaco), depois em Gênes, onde chegamos, passando a noite. Daí, chegamos a La Spezia, porto do reino de
Itália. Enfim, hoje, estamos em Pise e, amanhã, se Deus nos assistir,
chegaremos a Roma. Nossa viagem durará oito dias completos. Para evitar o
cansaço, teria sido necessário caminhar ainda mais devagar, mas as despesas de
um tal percurso são bem pesadas e nos preocupamos em aumentá-las o menos
possível.
Não
lhes digo nada, caras amigas, das coisas que puderam nos interessar durante a
caminhada. Quis somente, hoje, dizer-lhes como estávamos em nosso
empreendimento. Terei, aliás, menos do que muitos viajantes, narrações para
fazer, já que não empreendi essa excursão por curiosidade, nem por necessidade
de mudar de lugares. Saí, porque acreditei ser a vontade de Deus e o bem de
nossa pequena Congregação. Na minha idade, se tem necessidade de calma e de
paz, se aceita o movimento só por dever. Confio, portanto, que o Senhor contará
minha viagem como uma parte do trabalho que o homem deve suportar aqui em baixo. Tenho a
confiança também que incluirá nela alguma consolação na visita de tantos
lugares santos, que tornam Roma tão cara aos cristãos.
Adeus,
caríssimas amigas, rezarei a Deus por vocês em todo lugar. Rezem também para
que não faça esta viagem sem proveito espiritual para mim.
Seu
afeiçoado irmão e tio
Le Prevost
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