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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 1301 - 1400 (1868 - 1869)
    • 1392 - ao Sr. d’Arbois
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1392413 - ao Sr. dArbois

A estada em Roma. As diligências para obter a aprovação das Constituições. O Sr. de Varax acrescenta algumas linhas.

 

Roma, 30 de março de 1869

 

Meu excelente amigo e filho em N.S.,

 

Eu já lhe teria escrito várias vezes desde nossa chegada em Roma, se tivesse escutado somente meu desejo, mas meu invólucro corporal é tão frágil, sabe, que serve muito mal às minhas aspirações. Quero, ao menos, mandar-lhe estas poucas linhas de lembrança, para assegurá-lo de que nem você, nem seus irmãos estão sendo esquecidos nem, também, suas caras crianças, nas peregrinações que nos é dado fazer em todos os piedosos santuários que visitamos.

Tencionava um duplo objetivo em nossa viagem a Roma: recomendar aos Santos Apóstolos a obra de apostolado que tentamos, todos juntos, há mais de 22 anos entre as classes operárias, e solicitar a bênção do Vigário de Jesus Cristo neste mundo sobre a pequena família que se formou ao nosso redor para sustentar essa obra. Acho que realizamos esse duplo objetivo. Muitas vezesrezamos na Confissão de São Pedro, onde estão seus preciosos restos, e temos, o Sr. de Varax e eu, celebrado a Santa Missa na prisão onde foi encarcerado antes de ser crucificado. É um horroroso calabouço talhado no rochedo, sem luz nem ar; um buraco furado na parte de cima e dando acesso para outra prisão servia para descer, com uma corda, os que deviam gemer nesse local infecto. Aí se pergunta se se tem o direito de rejeitar as humilhações e o sofrimento, quando os fundadores da Igreja, nossos ancestrais na , foram tão provados. Confio que essa impressão não será perdida por nós.

 

Pudemos também receber, para nós e para nossa cara família, a bênção do Santo Padre, primeiro em audiência pública, em seguida, duas vezes na praça São Pedro (a grande bênção Urbi et Orbi, a mais de cem mil pessoas reunidas). 

 

Enfim, na segunda-feira passada, tivemos uma audiência particular do venerado Pio IX. Dignou-se permitir-nos entretê-lo de nossa pequena Congregação e de suas obras. Beijamos seu anel e recebemos sua bênção toda especial.  

 

Feito isso, parece que nossa missão está cumprida e que poderíamos cantar o Nunc dimittis servum tuum, Domine [Deixai agora vosso servo ir em paz], como o velho Simeão. Mas resta-nos acompanhar a questão das nossas Constituições. Já está em boa posição: nossa Regra, com as cartas dos Bispos que nos recomendam, estão nas mãos do Cardeal Prefeito da Sagrada Congregação. Muitas pessoas com funções importantes aqui se empenharam com a questão e nos apóiam com uma benevolência toda imerecida, que devemos certamente aos Santos Sacrifícios, orações e comunhões que toda a família oferece a cada dia por nós. Bendigamos, então, ao Senhor que nos protegeu visivelmente e não cansemos de invocá-Lo: toda a nossa força está ali.

 

Infelizmente, algumas férias que tomam na Páscoa as administrações eclesiásticas e os preparativos da festa dos cinqüenta anos de vida sacerdotal de Pio IX vão atrasar sensivelmente o andamento de nosso assunto que, aliás, não é o único de sua espécie para exame. Mas temos a confiança fundamentada de que, se não conseguimos a conclusão durante nossa presença aqui, deixaremos o processo, no entanto, bastante adiantado para ter boa esperança de seu sucesso.

 

Teria muitos detalhes interessantes a acrescentar ainda aqui sobre as particularidades de nossa estada em Roma, mas o tempo ou as forças me faltam. Há alguns dias, sinto um cansaço bastante grande para estar obrigado ao repouso. Acho que esse mal-estar não vai demorar.

 

Adeus, meu excelente amigo. É uma grande consolação para mim o pensamento de que terei conseguido, ao terminar minha carreira, obter, aos pés dos Santos Apóstolos e do Soberano Pontífice, preciosas e certamente eficazes bênçãos sobre a pequena família religiosa à qual votei minhas mais ternas afeições.

 

Seu todo devotado amigo e Pai em N.S.

 

                                               Le Prevost

 

Um mal-estar sem gravidade, acho, me obriga a recorrer ao Sr. de Varax, que  me serve complacentemente de secretário.

 

Caro Senhor dArbois,

 

Acrescento uma palavra, de meu lado, à carta do Padre Geral, para dizer-lhe que estou inteiramente mergulhado nas orações e Santos Sacrifícios oferecidos aqui por nossas obras. Nesta manhã, beijei as paredes da casa que habitava São Paulo quando escreveu suas Epístolas aos Hebreus etc. Li, numa coluna de granito das catacumbas trazida para essa casa, estas palavras gravadas: Verbum Dei non est alligatum [a Palavra de Deus não está amarrada]. Possam elas ser nossa divisa, e possamos, até nosso último suspiro, fazer esta única coisa: pregar Nosso Senhor Jesus Cristo no meio dos operários.

 

No Sábado Santo à noite, mandamos pedir ao Santo Padre que se digne abençoar todos aqueles de nossas obras que fariam sua comunhão pascal no domingo cedo. Você e os seus, portanto, receberam sua parte dessa bênção especial.

 

Adeus, meu bom e venerado irmão. Mil afetuosas lembranças aos Srs. Gauffriau, Moutier, Léon [Guichard] e a seus caros seminaristas [Srs. Boiry e Cauroy].

 

Seu pequeno irmão muito humilde em N.S.

 

                                               B. de Varax

 





413 A escrita é do Sr. de Varax. A assinatura e as duas linhas seguintes são do Sr. LP.





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