Impressões
de sua estada em
Roma. Audiências de Pio IX, etc.
Roma,
13 de abril de 1869
Senhora
Baronesa,
Uso,
um pouco tarde é verdade, a licença que me deu, assim como a Senhora Marquesa
de Houdetot, para lhe escrever algumas linhas durante minha estada em Roma. Faz um mês que
cheguei e o momento de minha volta não poderia estar agora longe, mas não pude
fazer, durante essas poucas semanas, muita correspondência. Na chegada, o
cansaço da viagem e, logo, aquele que senti pelas visitas e corridas numerosas
que tive de fazer me ocasionaram uma indisposição bastante séria, que me
segurou durante 10 dias fechado e sofrendo. Estou bem restabelecido neste
momento, mas as festas dos cinqüenta anos de vida sacerdotal do Santo Padre
ocasionaram aqui tanta movimentação, trouxeram tal multidão de estrangeiros,
que se fica um pouco atordoado pelo tumulto e a extraordinária atividade nos
quais se ficou enredado.
Pressente
bem, Senhora, que não foi nessa agitação que encontrei as alegrias de minha
escolha. Foram, para mim, na visita dos lugares santos, das admiráveis igrejas
de Roma, na vista de certas ruínas antigas maravilhosamente conservadas e
também nos rastros e relíquias tão preciosos que formam aqui um tesouro imenso
que o ardor mais ávido não saberia esgotar.
Recebi
várias vezes a bênção do Santo Padre. Duas vezes na praça São Pedro, com mais
de cem mil pessoas reunidas, quando o Soberano Pontífice dá a grande bênção Urbi
et Orbi ; enfim, em audiência pública, onde éramos, certamente, 2.500
estrangeiros reunidos em uma das galerias do Vaticano. O Santo Padre parava
perto de cada grupo e dizia algumas palavras que eram recolhidas com atenção.
Uma vez chegado no meio da galeria, descansou um momento num trono ali
preparado, e dirigiu à assembléia uma pequena alocução sobre a festa do dia
seguinte (estávamos no Sábado Santo). Ouvimo-lo perfeitamente, sua voz é cheia
e sonora, fala o francês distintamente, com um leve sotaque italiano bem
amável.
Como cúmulo de favor, tinha assistido na Quinta-Feira Santa à sua missa, na sua
capela particular, e tinha comungado ali de sua mão. Uns quarenta prelados de
sua Casa, alguns bispos e 6 ou 7 padres somente tinham sido admitidos a essa
piedosa e totalmente íntima solenidade. O Santo Padre, após sua missa, voltou a
seu lugar e recitou em voz alta as ladainhas dos Santos, e respondíamos todos em coro. Essa oração do
Pai e dos filhos era tão comovedora que muitos dentre nós estavam comovidos até
às lágrimas. Nesse mesmo dia, meu companheiro de viagem, o Sr. padre de Varax,
foi escolhido para ser um dos doze padres que fazem o papel de Apóstolos e aos
quais o Santo Padre lava e beija (muito realmente) os pés. Em seguida, vem a
Ceia numa sala alta de São Pedro, onde o Santo Padre serve aos doze apóstolos
os pratos que os Cardeais lhe apresentam de joelhos.
Na
segunda-feira da Páscoa, fomos, o Sr. de Varax e eu, recebidos em audiência particular
pelo Soberano Pontífice. Beijamos sua mão e seu anel. Dirigiu-nos palavras
paternas e encorajadoras sobre nossas obras e nos deu, mais uma vez e muito
especialmente, sua bênção para nós, para nossas famílias e para nossos amigos.
Estive feliz nesse momento por pensar que me permitia, assim como os seres
queridos que a rodeiam, colocá-los entre eles, e pedi a Deus para aplicar à
Senhora e a todos os seus essa preciosa bênção.
Depois
de todas essas graças, e os negócios que me chamavam a Roma parecendo em bom
caminho de êxito, não vou prolongar muito minha estada por aqui. Presumo,
portanto, que poderei ir em breve, após minha volta, vê-la, assim como a
Senhora de Houdetot e seu caro filho e lhes dizer de forma mais extensa os
detalhes interessantes de minha viagem.
Até
lá, queira aceitar, Senhora Baronesa, e partilhar com a Senhora sua Filha e seu
caro filho todos os meus sentimentos acostumados de respeito e de afetuoso
devotamento.
Seu
humilde servo e amigo
Le Prevost
Ficarei
feliz por ser reapresentado à boa lembrança de meu excelente amigo, Sr. de
Caulaincourt, e da Senhora Condessa de Caulaincourt.
Não
esqueci, aos pés dos Santos Apóstolos, o Sr. padre, preceptor de seu caro Sr.
Richard.
Vi
várias vezes, e muito amigavelmente, o Sr. Capitão Roch, sobrinho da Senhora
Guilhem; é um excelente e muito digno oficial, muito estimado no corpo. Vi
também sua jovem esposa, muito amável, e sua mãe, que não o é menos.
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