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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 1301 - 1400 (1868 - 1869)
    • 1393 - à Sra. Viscondessa d’Hurbal
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1393 - à Sra. Viscondessa dHurbal

Impressões de sua estada em Roma. Audiências de Pio IX, etc.

 

Roma, 13 de abril de 1869

 

Senhora Baronesa,

 

Uso, um pouco tarde é verdade, a licença que me deu, assim como a Senhora Marquesa de Houdetot, para lhe escrever algumas linhas durante minha estada em Roma. Faz um mês que cheguei e o momento de minha volta não poderia estar agora longe, mas não pude fazer, durante essas poucas semanas, muita correspondência. Na chegada, o cansaço da viagem e, logo, aquele que senti pelas visitas e corridas numerosas que tive de fazer me ocasionaram uma indisposição bastante séria, que me segurou durante 10 dias fechado e sofrendo. Estou bem restabelecido neste momento, mas as festas dos cinqüenta anos de vida sacerdotal do Santo Padre ocasionaram aqui tanta movimentação, trouxeram tal multidão de estrangeiros, que se fica um pouco atordoado pelo tumulto e a extraordinária atividade nos quais se ficou enredado.

 

Pressente bem, Senhora, que não foi nessa agitação que encontrei as alegrias de minha escolha. Foram, para mim, na visita dos lugares santos, das admiráveis igrejas de Roma, na vista de certas ruínas antigas maravilhosamente conservadas e também nos rastros e relíquias tão preciosos que formam aqui um tesouro imenso que o ardor mais ávido não saberia esgotar.

 

Recebi várias vezes a bênção do Santo Padre. Duas vezes na praça São Pedro, com mais de cem mil pessoas reunidas, quando o Soberano Pontífice a grande bênção Urbi et Orbi ; enfim, em audiência pública, onde éramos, certamente, 2.500 estrangeiros reunidos em uma das galerias do Vaticano. O Santo Padre parava perto de cada grupo e dizia algumas palavras que eram recolhidas com atenção. Uma vez chegado no meio da galeria, descansou um momento num trono ali preparado, e dirigiu à assembléia uma pequena alocução sobre a festa do dia seguinte (estávamos no Sábado Santo). Ouvimo-lo perfeitamente, sua voz é cheia e sonora, fala o francês distintamente, com um leve sotaque italiano bem amável.

 

  Como cúmulo de favor, tinha assistido na Quinta-Feira Santa à sua missa, na sua capela particular, e tinha comungado ali de sua mão. Uns quarenta prelados de sua Casa, alguns bispos e 6 ou 7 padres somente tinham sido admitidos a essa piedosa e totalmente íntima solenidade. O Santo Padre, após sua missa, voltou a seu lugar e recitou em voz alta as ladainhas dos Santos, e respondíamos todos em coro. Essa oração do Pai e dos filhos era tão comovedora que muitos dentre nós estavam comovidos até às lágrimas. Nesse mesmo dia, meu companheiro de viagem, o Sr. padre de Varax, foi escolhido para ser um dos doze padres que fazem o papel de Apóstolos e aos quais o Santo Padre lava e beija (muito realmente) os pés. Em seguida, vem a Ceia numa sala alta de São Pedro, onde o Santo Padre serve aos doze apóstolos os pratos que os Cardeais lhe apresentam de joelhos.

 

Na segunda-feira da Páscoa, fomos, o Sr. de Varax e eu, recebidos em audiência particular pelo Soberano Pontífice. Beijamos sua mão e seu anel. Dirigiu-nos palavras paternas e encorajadoras sobre nossas obras e nos deu, mais uma vez e muito especialmente, sua bênção para nós, para nossas famílias e para nossos amigos. Estive feliz nesse momento por pensar que me permitia, assim como os seres queridos que a rodeiam, colocá-los entre eles, e pedi a Deus para aplicar à Senhora e a todos os seus essa preciosa bênção.

 

Depois de todas essas graças, e os negócios que me chamavam a Roma parecendo em bom caminho de êxito, não vou prolongar muito minha estada por aqui. Presumo, portanto, que poderei ir em breve, após minha volta, vê-la, assim como a Senhora de Houdetot e seu caro filho e lhes dizer de forma mais extensa os detalhes interessantes de minha viagem.

 

Até lá, queira aceitar, Senhora Baronesa, e partilhar com a Senhora sua Filha e seu caro filho todos os meus sentimentos acostumados de respeito e de afetuoso devotamento.

 

Seu humilde servo e amigo

 

                                               Le Prevost

 

Ficarei feliz por ser reapresentado à boa lembrança de meu excelente amigo, Sr. de Caulaincourt, e da Senhora Condessa de Caulaincourt.

 

Não esqueci, aos pés dos Santos Apóstolos, o Sr. padre, preceptor de seu caro Sr. Richard.

Vi várias vezes, e muito amigavelmente, o Sr. Capitão Roch, sobrinho da Senhora Guilhem; é um excelente e muito digno oficial, muito estimado no corpo. Vi também sua jovem esposa, muito amável, e sua mãe, que não o é menos.

 

 

 

 




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