Por ocasião
de sua próxima ordenação sacerdotal, linda exortação do Sr. Le Prevost à
paciência e à confiança em Deus: “a cada dia basta sua pena, porque a cada dia
chega sua graça”.
Chaville,
19 de junho de 1869
Meu
caríssimo filho em N.S.,
Vejo,
com consolação, aproximar-se o momento em que as longas provações que o
prepararam ao Sacerdócio chegarão a seu fim. Esteja persuadido, caro amigo, de
que, quando tiver soado essa hora e que será enfim Sacerdos in aeternum, todas
as suas penas lhe parecerão leves, de tanto valor lhe parecerá a graça obtida.
Permaneça, portanto, na paciência até o fim, convença-se de que é através
desses adiamentos e dificuldades que terá adquirido as bênçãos com as quais
Deus se reserva gratificar sua carreira. Pense também que a natureza, bastante
acentuada em você, exigia um trabalho de moldagem e de reforma. Deus se
encarregou disso, poderíamos nos queixar de tê-lo tido por mestre? Confiemos,
antes, que, tendo sido dóceis às suas lições, teremos aprendido estas duas grandes
ciências que Ele ensina aos que são seus discípulos: a paciência, a aceitação
submissa e bem filial do sofrimento que cai como um dom de sua mão, e, em
segundo lugar, a misericórdia, a compaixão verdadeira pelas penas de nossos
irmãos. Nunca se tem isso sem ter experimentado pessoalmente o sofrimento. Oh!
como será felizmente dotado e como será consolador e frutuoso seu ministério
com essa dupla graça: a paciência e a misericórdia. Não é um bom padre quem não
possui, no fundo da alma, em um grau um pouco elevado, esse tesouro. Por
isso, você não vê que alguém, entre os escolhidos por Deus para alguma obra de
salvação, tenha escapado alguma vez a essa rude preparação. Entreguemo-nos,
então, à sua ação. Deus nos ama e, já que quer se encarregar de nos conduzir a
seus fins, beijemos essa mão paterna que nos guia.
Não
pensemos demais, também, no futuro: a cada dia basta sua pena, porque a cada
dia chega sua graça. Levantemos os olhos para o alto, Levavi óculos in
montes unde veniet auxilium mihi; quanto mais confiança, abandono, paz em
Deus tivermos, tanto maior será o auxílio, tanto mais íntima e mais doce será a
consolação.
Não
acrescento nada de preciso sobre as obras que poderá ter que realizar, a não
ser que cuidarei de acompanhar seus movimentos e farei cordialmente tudo o que
me for possível para ajudá-lo por minhas orações e pelos meios que o Senhor se
dignar me conceder.
Adeus,
meu caríssimo filho, abraço-o cordialmente em Jesus e Maria.
Seu
amigo e Pai
Le Prevost
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