Para
ampará-la espiritualmente. De costume, as provações precedem novas graças.
Impossibilidade para o Sr. Le Prevost de ir à Normandia.
Vaugirard,
12 de agosto de 1869
Senhora
Marquesa,
Partilho
bem cordialmente todas as suas preocupações e todas as dificuldades que lhe
causam os embaraços diversos que a assediam ao mesmo tempo. Tenho, todavia,
esta consolação de que essas penosas provações são quase sempre a preparação de
algumas graças insignes, propiciadas pela divina bondade do Senhor. Tive essa
experiência muitas vezes e você mesma, pensando bem, descobrirá que, após
situações tidas como desesperadas, todas as coisas, subitamente, retomaram um
sentido favorável e terminaram a seu pleno contentamento. Tenhamos boa
confiança de que tudo tornará assim em seus negócios, e sobretudo para o mais
interessante, o exame de seu caro Richard. Eis que passaram os grandes calores,
o estudo vai tornar-se menos penoso para ele e vai retomar confiança. O
objetivo que quer atingir merece certamente um corajoso esforço, pois esse
título de bacharel facilita a colocação e lhe abriria várias carreiras se, em
seguida, lhe agradasse procurar alguma. Mas o proveito mais sério é que os
estudos renhidos que se fazem para chegar a esse grau acadêmico abrem o
espírito para várias ciências de que se pode gostar de cultivar mais tarde. Vou
redobrar as orações para que a graça de Deus o assista poderosamente para bem
lidar com as situações. Se não fosse recebido logo na primeira prova, a
infelicidade não seria muito grande; grande número e número infinito de
sujeitos distintos sofrem esse revés que não é, de maneira alguma, sinal da
inferioridade dos que são reprovados. Mas, nesse caso, seria preciso de um
pouco de perseverança, e não se deveria recuar diante de alguns instantes de
estudo a mais. Então, trata-se de um feliz insucesso, porque a ciência assim
adquirida é mais sólida e permanece bem mais frutuosa para o espírito.
Teria
sido para mim uma verdadeira alegria fazer-lhe uma visita, Senhora, assim como
à Senhora d’Hurbal e a seu caro filho, mas perco até a esperança de ir por
alguns dias à Normandia. Os grandes calores me causaram um esgotamento nervoso,
que me torna a caminhada quase impossível e que não me permitiria empreender
uma viagem neste momento. Acho que a temperatura mais firme poderá me tornar um
pouco menos fraco, mas, então, os maus tempos terão voltado e meus trabalhos
terão redobrado. Tudo, então, me deixa acreditar que não deverei me afastar de
Paris neste ano.
Felizmente,
o espírito e o coração não têm necessidade de pernas para percorrer as
distâncias. Ouso, portanto, dizer que ambos farão freqüentes viagens rumo à
Senhora e à sua cara família que, já há tanto tempo, aprendi a amar e a
venerar.
Queira
oferecer a expressão desses sentimentos à sua cara roda e aceitar, você mesma,
Senhora, a homenagem do respeitoso devotamento de
Seu
humilde servo e amigo
Le Prevost padre
P.S.
Tenha a bondade, por favor, de me apresentar à lembrança de seu caro tio e da
Senhora Condessa de Caulaincourt. É um verdadeiro pesar, para mim, ter perdido,
por minha negligência toda involuntária, a ocasião de ver sua cara filha.
Espero que sua saúde tenha melhorado, já que deixou Auteuil.
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