Resumo das
dificuldades da obra em Roma; conselhos de prudência. Um jovem postulante
voltou para a França. O Sr. Le Prevost preocupado em salvaguardar a autoridade
do irmão Jean-Marie face à dos oficiais e capelães. Confiança em Deus.
Vaugirard,
sexta-feira 27 de agosto de 1869
Meu
caríssimo amigo e filho em N.S.,
As
cartas se cruzam facilmente por causa das distâncias que percorrem devagar
demais. Recebi ao mesmo tempo, desde a saída de minha última comunicação, suas
duas cartas dos dias 7 e 11 de agosto e, mais recentemente, as dos dias 19 e 21
do mesmo mês. Por essas missivas, vi a saída de Rabusier, a apresentação de
várias questões sobre sua posição no Círculo, e enfim, o anúncio da saída do
Sr. Charrin. Um pouco antes, e após um telegrama enviado pelo Sr. Descemet,
acreditei não poder me opor a que o substitua, embora essa sobrecarga, para
você, já bastante ocupado, me entristeça singularmente. Os selos que levava o
jovem Rabusier foram talvez entregues ou enviados por ele ao Sr. Paillé. Não
ouvi falar deles. Perguntarei amanhã ao Sr. Paillé se os recebeu. As cartas das
quais esse jovem era portador me chegaram pelo correio. Sua conduta é triste,
espero que sua inexperiência muito grande possa desculpá-lo um pouco, mas é
lamentável que não o tenha conhecido o bastante, para desconfiar mais de sua
estabilidade. O Comitê pode, com justa razão, nos censurar por ter causado à
sua caixa, pelas viagens e a estada desse menino no Círculo, despesas sem
resultado. Você deveria ter imposto a esse aturdido a obrigação de reembolsar
ao Comitê ao menos seus gastos de volta, e até fazê-lo pedir à sua mãe o
dinheiro de que precisava para essa volta.
A
mudança do Sr. Charrin e sua substituição serão ainda uma ocasião de novas
despesas.
O
conselho dos RR.PP. Brichet e Laurençot é muito sábio: avance, faça o melhor
possível, sem parecer se comover muito com os dizeres ou pontos de vista
diversos, dos que o cercam. Não acho que ninguém, ao seu redor, tenha a ousadia
de tomar sobre si medidas de alguma gravidade, porque ninguém tem autoridade
real. É o Comitê que estabeleceu os Círculos e que lhes carrega as despesas.
Somente ele pode tomar algumas disposições decisivas. Os oficiais poderiam
desaprovar os Círculos e, em casos graves, os interdizer aos soldados, mas é
tudo o que poderiam fazer. E a isso chegariam até com dificuldade, porque a
autoridade de uns paralisa a dos outros. Aí está a grande causa da fraqueza de
todos: ninguém está bastante em situação de fazer nitidamente prevalecer sua
vontade. Procure não chocar ninguém, mas guarde, tanto quanto puder, a
liberdade de ação que lhe é necessária. Cada um está convencido de que tudo
iria muito melhor se fosse encarregado de dirigir. Os capelães, os oficiais
quereriam ter onipotência, mas encontrariam resistência em todo lugar se
tentassem comandar. Você tem uma posição adquirida, guarde-a. Quanto mais fizer
o bem com sabedoria, de maneira cristã, tanto mais sólida se tornará sua
posição. A dedicação é a única potência que deva prevalecer na situação, tal
como a Providência a fez em
Roma. Poupe a si mesmo, todavia, razoavelmente, pois, se se
esgotarem suas forças, a incapacidade seguirá.
O
Sr. Keller não está em
Paris. Logo que tiver a ocasião de vê-lo, conversarei com ele
com calma. Mas sei que ele pensa como nós sobre as coisas de Roma e a condição
dos Círculos. Ele nos apoiará, se precisar, querendo certamente que os capelães
tenham toda a facilidade para seu ministério, mas não que governem os Círculos.
Um Conselho ou Comissão teria sido sem dúvida útil para esclarecê-lo e
apoiá-lo, mas como compor esse Conselho? Fora o Sr. Descemet, honesto e bom,
sem dúvida, mas meticuloso e não aberto em seus procedimentos, quem poderia
fazer parte dele? Os oficiais? Quem os escolheria? Se os Coronéis designassem,
poderiam facilmente não convir, e os outros, aliás, achariam ruim que assim
prevalecessem. Obedecem no regimento, mas o Círculo está fora do comando
militar. Em tudo isso, há, portanto, muitas dificuldades, e se pode presumir
que não se tentará nada de bem sério.
Em
última análise, somos os filhos de Deus e seus submissos servos. Faremos, de
dia a dia, sua muito adorável vontade, desde que Se dignar no-la manifestar.
Rezemos, tenhamos confiança e sigamos em paz nosso caminho.
Adeus,
meu excelente amigo e filho em N.S., acredite em todos os nossos sentimentos de
terna afeição e partilhe-os com nossos irmãos.
Seu
amigo e Pai em N.S.
Le Prevost
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