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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 1401 - 1500 (1869 - 1870)
    • 1458 - ao Sr. Tourniquet
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1458 - ao Sr. Tourniquet

Dificuldades da comunidade de Roma. Ser mais prudente nas relações com os soldados. Evitar os divertimentos de mau gosto. Diretivas para o estabelecimento de uma Comissão. Ação moral e espiritual a levar adiante.

 

Chaville, 23 de setembro de 1869

 

Meu caríssimo filho em N.S.,

 

Tomo parte nas tribulações que lhe acontecem neste momento, mas lembremo-nos desta palavra do divino Senhor: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça”. Ponhamos ao da cruz nossas pequenas provações e peçamos humildemente a Deus a graça para bem suportá-las.

 

Ainda não vi o Capitão Prevost nem o Coronel. Não sei se me honrarão com sua visita. Algum rumor já havia me chegado, sobre as censuras que lhe são feitas, notadamente a viagem a Ferentino e alguns detalhes de uma festa militar. Tinha reduzido de antemão a uma justa medida o alcance dessas acusações e tinha pensado que, se houve de sua parte alguma falta de prudência, um pouco de caridade e de benevolência teria sido o bastante para explicar e encobrir a imperfeição, se houve alguma. Aqui ainda, é preciso, em toda humildade, aceitar as censuras dos que foram os primeiros a lhe prepararem armadilhas e conservar para com eles, no entanto, os sentimentos que quer a caridade. Para tirar proveito dessa provação, deverá, de um lado, ser mais circunspeto em seus relacionamentos com os militares, quaisquer que sejam, particularmente nos destacamentos, evitando comer com eles, se puder. Senão, deverá abster-se dessas expansões às vezes excessivas que acredita próprias para estabelecer a cordialidade e que, como , geram as críticas e o desprezo.

 

De outro lado, é preciso vigiar mais do que nunca sobre a escolha das peças e cantos em suas festas, evitar não somente as coisas ruins, mas até as piadas grotescas ou representações caricaturais de mau gosto. Recomendo-lhe de novo essa reserva, assim como ao Sr. Emile [Beauvais]. Creio que um e outro não estão bastante exigentes sob esse aspecto.

 

Acho mesmo que será questão agora de uma Comissão a estabelecer para seus Círculos. Em princípio, não a rejeitaria. Seria bastante natural que o Comitê, os capelães e o exército, interessados no êxito dos Círculos que fundaram e que eles (o Comitê sobretudo) sustentam, vigiem suas operações. Mas seria preciso:

 

1o – que esse Comitê fosse composto de pessoas sábias e bem dispostas. Suponho, por exemplo, o Sr. Descemet, o Sr. Louis [Klingenhofen], que voltou a ser calmo e caridoso, um oficial designado pelo Coronel e um Presidente grave e bem imparcial.

 

2o – que esse Comitê previsse as disposições gerais, acertasse, no conjunto, o andamento dos Círculos, controlasse as despesas, mas deixasse a conduta e a administração ordinária a vocês que são encarregados, sem estorvar sua ação por intervenções implicantes, que tornariam seus movimentos embaraçados ou impossíveis. Será possível esperar que as coisas serão conduzidas nesse caminho? O futuro nos dirá. Aguardemos e rezemos. Deus, espero, estará conosco.

 

Para o quarto do capelão, parece-me quase impossível, sobretudo com as disposições que mostra o Sr. Louis, que pudesse ficar na casa sem lhes causar embaraços e contrariedades incessantes. Com certa reflexão séria, seria ele o primeiro a reconhecê-lo. Ele não saberia deixar de intrometer-se nas coisas que dizem respeito à sua administração e, de seu lado, vocês não podem admitir que seus movimentos sejam, a cada passo, perturbados. Que haja um local conveniente para confessar, nada melhor, mas acho que não deve residir na casa. Se fossem constrangidos a suportá-lo, seria preciso estabelecer expressamente que não se intrometerá na administração interior em qualquer coisa que seja. Mesmo com essa reserva, é muito de se temer que fossem logo constrangidos a abandonar o lugar, porque a convenção não seria bem observada.

 

Mando-lhe, em anexo, uma carta que o Sr. Maignen escreve ao Sr. Emile a respeito do assunto Gennetier. Desejamos, ambos, que se resolva em conciliação e confiamos que será assim. Diga de minha parte ao Sr. Gennetier que recebi somente ontem a carta que me escreveu, porque estava em Amiens nestes últimos dias. Diga-lhe também que o Sr. Maignen acaba de escrever ao Sr. Keller para ter a decisão do Comitê, que é o único que possa se pronunciar neste caso. Logo que tivermos sua resposta, a mandaremos sem nenhum atraso.

 

O Sr. Emile parece inclinar-se a se encarregar da administração de um restaurante. Rejeitaria extremamente isso, vendo nessa disposição uma fonte de desgostos e uma sobrecarga para cuidados puramente materiais que outros além de nós podem assumir. Verá o que as circunstâncias pedirão absolutamente. É sempre para mim uma lástima ver nossa ação afastar-se do moral e do espiritual, para absorver-se nos detalhes materiais. Devemos aceitar desses últimos apenas a parte indispensável para o sucesso da obra espiritual.

 

Guardo a nota dos negócios que me lembra. Vou falar dos 600f em selos.

 

Autorizo a pequenina refeição pedida, quando, às vezes, sentem, à noite, uma verdadeira necessidade. Se puder, sem abusar da bondade de seus amigos, nos mandar a Correspondência de Roma, procuraremos fazer bom uso422 dela. Aqui há consternação, face à espécie de apostasia do Pe. Hyacinthe423.

 

Adeus, meu caríssimo filho, assegure nossos irmãos de minha terna afeição e partilhe-a fraternalmente com eles.

 

Seu amigo e Pai em N.S.

 

                                               Le Prevost

 

P.S. O pacote com sua carta e a nota do Sr. Jouin, etc... foi deslacrado, não sei por quem. O sinete estava quebrado e o envelope rasgado quando nos foi trazido, com uma declaração do correio dizendo que chegara assim.

 





422 Para se manter informado sobre os preparativos do Concílio que ia abrir-se no dia 8 de dezembro de 1869, e enquanto já se agitava a opinião religiosa.



423 O Pe. Hyacinthe Loyson, carmo, célebre pregador de Quaresma em Notre-Dame de Paris, de 1864 a 1868.





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