As obras se
complicam demais e não deixam mais a liberdade suficiente para a vida de oração
e a vida de comunidade. Considerações sobre os irmãos Boiry e Pradeaux.
Chaville,
28 de setembro de 1869
Meu
caríssimo amigo e filho em N.S.,
É
bem lamentável que nossos irmãos de Amiens não possam chegar no começo do
retiro, e é muito de se temer que, após a excursão a Boulogne, os que tiverem
participado dela não estejam muito em condições de se aplicar aos exercícios
durante os primeiros dias. Mas o que fazer? Deixamos nossas obras se complicar
sempre mais, suas exigências se tornam cada vez mais imperiosas, a liberdade de
nossos movimentos é, conseqüentemente, cada vez menor. Acho que sofremos assim
o arrebatamento do século, que se precipita cada vez mais na atividade. Se esse
impulso vertiginoso não parar, para onde irá, então, a pobre humanidade?
Enunciada essa reflexão morosa, penso que é preciso se resignar a mandar os
irmãos somente na segunda-feira de manhã.
Há
certa dificuldade em mandar imediatamente um substituto ao Sr. Cauroy, pois
seria privar do retiro aquele que fosse enviado. De outro lado, o médico,
obrigado a dar seu parecer sobre a posição que se poderia dar aos Srs. Boiry e
Pradeaux, disse formalmente que não podia pronunciar nada, quanto ao presente,
sobre este último, cujo estado o inquieta e que quer seguir e estudar
atentamente. É portanto impossível que se afaste nesta estação. Responde para o
Sr. Boiry que pode continuar seus estudos, seja como externo, seja mesmo como
interno num seminário, com a condição de lhe escrever e de seguir seus
conselhos para sua saúde. Pode se contentar com um estudante que seguirá o
seminário? Você lhe deixará bastante liberdade para que estude sem exagero de
perturbação? Eis a questão. Quanto às aptidões do Sr. Boiry para as obras, são
maiores do que parece acreditar e seu caráter é manso e flexível. O seminário
de Angers me entregou dele os melhores testemunhos, tanto para os estudos como
para a piedade e a regularidade. Perturbou-se casualmente apenas pela
negligência que havia em segui-lo e em dissipar algumas nuvens, semelhantes às
que todos podem ter. Veja, meu caro amigo, que sentimento tem a esse respeito.
Não percebemos, quanto a nós, nenhum outro socorro tão valioso que possamos lhe
dar.
Agradeço-lhe
por seus bons cuidados em favor do Sr. Gallais. A estada de Amiens lhe faz um
bem extremo. Escreveu uma carta que encantou o Sr. Lantiez pela calma e o
bem-estar que exprime.
Vou
escrever afetuosamente ao Sr. Caille para lhe aconselhar não intervir nas
admissões do orfanato, ao menos sem combinar com o Sr. Trousseau.
Devo
deixá-lo, o sino toca e sabe sua autoridade para nós.
Viu
a boa carta de Monsenhor de Orléans ao Pe. Hyacinthe. Talvez não se deva perder
a esperança sobre sua volta. Rezemos por ele, uma verdadeira volta o
recolocaria de pé, e melhor, sem dúvida, do que antes de sua queda.
Adeus,
meu excelente amigo e filho em N.S.
Seu
todo afeiçoado amigo e Pai
Le Prevost
Afeições
a todos.
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