Recrutamento
e formação no Noviciado. O Sr. Le Prevost anseia por religiosos com vocação
provada. Uma formação sólida. Fazemos o que é praticável com os elementos de
que se dispõe. Importância do período do noviciado.
Chaville,
29 de setembro de 1869
Meu
caríssimo filho em N.S.,
Concordo
sem custo, não suporto bastante a contradição, sobretudo se algum exagero nela
se mistura. Segunda-feira, em particular, falei a você com ímpeto exagerado.
Pedi desculpa cordialmente e procurei, no resto da sessão, indicar-lhe meu
desejo de fazer-lhe esquecer essa pena. Não parece que tenha conseguido, já que
me escrevia ontem uma carta muito irritada do início até o fim. Para acabar
de apaziguá-lo, se é possível, vou responder-lhe suavemente, como gostaria
sempre de fazê-lo.
Disse
ao Sr. Streicher, a respeito da peça preparada no Círculo, que a exigência do
Sr. Hello me parecia um erro e que procuraria evitar isso no futuro. Por
enquanto, querendo prevenir a explosão que as disposições do Sr. Hello faziam
recear, aconselhei o Sr. Streicher a fazer ato de virtude, mandando-lhe a peça.
Sem mais esperar, o Sr. Paillé tendo vindo me ver durante o dia, o encarreguei
de avisar o Sr. Hello de que desaprovava sua pretensão e que me reservava
dizer-lhe isso pessoalmente.
Acho
que, após ter pensando um pouco diante de Deus, você não teria agido
diferentemente.
A
questão que me assinala para o Conselho, sobre o recrutamento e a
formação dos sujeitos, me parece, como a você, das mais sérias. Você faria um
trabalho bem útil se desenvolvesse esse assunto em uma nota, em que explicaria
os meios que se deveria tomar para chegar a esse fim.
Entrevejo
certamente alguns e serão usados, espero, à medida que, menos insuficientes
para nossos cargos, poderemos dar às nossas casas um pessoal mais numeroso e
sobretudo mais experimentado. Por enquanto, fazemos, faço da minha parte, tudo
o que parece praticável. Não falo somente de tudo o que fizemos para fundar, à
custa de tão grandes sacrifícios, o Noviciado, mas colocamos para dirigi-lo
dois de nossos melhores sujeitos eclesiásticos e leigos [Srs. J. Faÿ e Audrin].
Os irmãos destinados ao sacerdócio são mantidos, sem contar a despesa, nos
seminários, e, para os irmãos leigos, se cultiva para a instrução os que têm
alguma aptidão que se preste ao desenvolvimento, e estão sendo formados com um
zelo contínuo no ponto de vista da vida cristã e religiosa. Acreditei, da minha
parte, que estava seguindo as vistas de Deus ao dar a essa obra tão importante
o melhor de minhas últimas horas neste mundo. Alguns passos foram dados nessa
via e alguns frutos já foram colhidos. Deve-se esperar mais numerosos, com o
tempo e a paciência.
Alguns
dos sujeitos mais capazes de cultura entre os leigos, os Srs. Derny e Moutier
em particular, foram privados das provas da formação do Noviciado. Todos
lamentamos isso, mas será possível esquecer-se da dura necessidade que sofremos
e alguém pode, entre nós, culpar por isso um ou outro dos Superiores ou
Conselheiros?
Não
há duas balanças no Noviciado nem em nenhum ato de nossa administração, a
respeito dos noviços leigos e dos noviços eclesiásticos. Uns e outros têm, com
a única diferença da matéria dos estudos, o mesmo tratamento, o mesmo regime e,
o atesto, a mesma consideração e a mesma afeição.
Às
vezes, os meios de formação variam segundo as naturezas diversas. O Sr. Ginet
estuda muito devagar, porque a índole de seu espírito o exige. O Sr. Gérold fez,
em Amiens, 18 meses de postulantado porque seu caráter, extremamente irascível,
precisava ser quebrado pela fricção das obras, antes que seu espírito pudesse
ser modelado, iluminado no Noviciado. O Sr. Bouchy Joseph foi mandado, por
motivo semelhante, para fora, por causa de sua extrema ignorância do verdadeiro
sentido de nossa vocação. Daqui um ano, voltará com grande vantagem, para fazer
um noviciado sério. Assim, estudamos todas as aptidões e, na medida em que
depende de nós, agimos a contento. Nossos recursos são limitados, vamos o menos
mal possível, agindo, como se faz, com os rudimentos das coisas que principiam.
Os que virão depois de nós terão outros recursos e procederão da maneira mais
ampla. Confiemos que Deus abençoará o trabalho de uns e outros.
Seu
todo afeiçoado amigo e Pai em N.S.
Le Prevost
Preparo
minha carta para o Sr. Keller. O Comitê pediu para que fosse anexada à carta
para o Sr. Keller uma cópia do tratado passado com Gennetier. Seria, portanto,
necessário que mandasse fazer imediatamente uma expedição e a remetesse quanto
antes para mim.
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