Votos de
ano novo. Mudança de residência aceita de “bom grado” pelo Sr. de Varax. Não
interromper o noviciado. O Sr. Le Prevost constata que há “muito movimento em
nossas obras”. Quando e como escapar ao turbilhão deste século?
Chaville,
29 de dezembro de 1869
Meu
caríssimo filho em N.S.,
Agradeço-lhe,
assim como a seus irmãos, pelos votos que me exprimem por ocasião de minha
festa e do ano novo. Serão certamente atendidos, pois votos cristãos, bem
sinceros como os seus, não são outra coisa a não ser uma oração dirigida em
alta voz a Deus e para a qual se toma como testemunhas aqueles pelos quais está
sendo feita. Pode certamente pensar que, neste sentido, pago-lhe fielmente com
a mesma moeda, a você, meu caríssimo amigo, que se deu tão generosamente à
nossa pequena família e a mim, embora indigno, para servir ao Senhor em uma
fraterna união. Assegure bem nossos irmãos aos quais não posso, como gostaria
tanto, escrever separadamente hoje, de minha constante atenção e de minha terna
afeição. Por suas cartas tão exatas, tão atenciosas, acompanho cada um deles
quase como se estivesse por perto. Diga-lhes isso sem falta, para que saibam
que nenhum deles está fora de vista e que cada um me está sempre presente.
Sua
boa carta me alegrou ainda por um outro trecho. Temia que tivesse sofrido um
sacrifício demasiado ao tomar o posto de Angers e que tivesse feito um esforço
penoso demais ao aceitar isso de tão bom grado. Como a doce intimidade na qual
vivemos até agora nos permite aliviar a obediência por um cordial entendimento,
tomava particularmente a peito que a decisão a tomar fosse acertada entre nós.
Queria isso tanto mais que, não tendo decisão alguma tomada, desejava ter
algumas razões válidas para inclinar-me para um sentido ou para outro. Vendo-o
sofrendo, tinha decidido com o Sr. d’Arbois que iria conversar com você em
Amiens e que veriam juntos o que havia de melhor a fazer. O Sr. Caille fez
mudar essa disposição, dizendo-nos que sua saúde, bastante bem restabelecida,
lhe permitia fazer a viagem. Se a decisão tivesse ido para um sentido
diferente, não teria sentido nenhum pesar, longe disso; para mim pessoalmente,
os relacionamentos constantes com você me teriam sido realmente suaves, sua
natureza simpática e comunicativa combinando singularmente comigo, enquanto o
caráter decidido e um pouco autoritário do Sr. d’Arbois me será uma ocasião de
suporte. Acrescento depressa que seu espírito de obediência tirará toda
dificuldade verdadeira em nossas relações e que sua boa vontade as tornará
certamente satisfatórias.
Pensando
que precisará de um auxiliar para Notre Dame des Champs, procurei com o olhar
quem poderia ser. Não acho muito o que conviria. O Sr. Gérold lhe é muito
apegado e seria bem flexível em sua mão, mas teria o tempo de continuar para
ele alguns exercícios e práticas de Noviciado de que tem tanta necessidade? É
duvidoso. Falarei nisso com o Sr. Faÿ. Seria, em todo o caso, deplorável como
exemplo e como persistência na lastimável necessidade em que nos encontramos de
abreviar tantas vezes as disciplinas do Noviciado. De outro lado, não vejo
nada. O jovem Bouquet, menos apto para as obras, está quase na mesma data que o
Sr. Gérold, como noviço. Peçamos a Deus para nos ajudar.
Vejo
com prazer que tudo funcionou bem para você no Natal e em sua grande assembléia
dos Jovens Operários. Essas reuniões, quando bem preparadas, fazem um bem real
a todos aqueles que participam, os ouvintes de fora incluídos: é uma pregação
sob uma forma especial que atinge seu objetivo mais seguramente às vezes do que
os ensinos religiosos propriamente ditos. Natal teve também, como os exercícios
do jubileu, resultados muito satisfatórios em todas as nossas obras. Nestes
bons dias, pensa-se de bom grado nesta palavra tão profunda da Santa Escritura:
“Euntes ibant et flebant mittentes semina sua; venientes autem venient, cum
exultatione portantes manípulos suos.426” [iam andando e chorando
ao levar a semente; ao regressar, voltarão alegres, trazendo seus feixes]
Sim,
é verdade, há muito movimento e uma atividade exagerada em nossas obras; mas,
neste século, onde então, fora dos desertos da contemplação, se escapa desse
inevitável turbilhão? A humanidade não anda mais, precipita-se e, mesmo
resistindo-lhe, se é mais ou menos arrastado. Espero, todavia, que, com o
tempo, e melhor assentados, teremos mais calma, com nossos caminhos melhor
traçados, nossos recursos mais seguros e melhor organizados. Vamos ao encontro
das almas hoje, corremos à sua procura, as seguimos para que nos sigam à sua
vez; um dia, Deus ajudando, virão a nós, atraídas por iscas mais poderosas.
Soframos, portanto, e tenhamos paciência: expectans expectavi. Veniens veniet
[aguardei ansiosamente. Ele virá certamente] É o próprio Deus aguardado que
virá. Veni, Domine Jesu! [Vem, Senhor Jesus !]
A
respeito de aguardar, (guarde isto somente para si) espero que o Sr. Lantiez
possa chegar no decorrer da semana próxima. Ficaria um dia ou dois
completamente incógnito em Chaville e chegaria diretamente a Amiens. Se essas
disposições não forem mudadas, se realizarão assim. Aqui, ninguém sabe nada.
Se
não conseguir que me tragam o relógio aqui para que parta por essa ocasião, farei,
o quanto antes, com que seja enviado pelo Sr. Paillé.
Adeus,
meu excelente amigo e filho em N.S. Em Angers, estaremos mais afastados um do
outro, mas faremos algumas economias para que algumas viagens não sejam
onerosas demais. É bem certo que fará um simples ensaio do diaconato e que,
após a prova, julgaremos o que o caso poderá pedir. Abraço-o com ternura.
Abraço também todos os nossos irmãos através de você. Escreverei ao Sr. Caille
algumas palavras de afeição, e também ao Sr. Trousseau. Mando aqui um santinho
para cada um; se o pacote for volumoso demais, colocarei somente a metade, você
completará o resto.
Seu
todo afeiçoado amigo e Pai em J. e M.
Le Prevost
Peço-lhe
para oferecer à Sra. de Varax minhas homenagens respeitosas por ocasião do ano
novo.
Está
apressando um pouco o Sr. Marcaire para a preparação de suas contas?
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