Buscar a
paz do coração. Humildade diante de suas imperfeições. “Abrir-se com
simplicidade a seu superior”. O Sr. Le Prevost o tranqüiliza sobre a seriedade
de sua vocação.
Chaville,
4 de janeiro de 1870
Meu
caríssimo filho em N.S.,
Recebi
com uma dupla satisfação sua boa carta do ano novo que me assegurava de seus
sentimentos de filial afeição e me tranqüilizava, ao mesmo tempo, sobre suas
disposições interiores, um pouco perturbadas momentaneamente como me marcava
numa carta anterior. Felizmente, essa pequena nuvem se dissipou e reencontrou a
paz. Como seria possível que, depois, alguma provação igual se reapresentasse,
será sábio examinar com um pouco de atenção de onde veio o distúrbio, e como
voltou para a calma.
Você
está sensível demais à censura ou aos avisos, acha severos demais os que o
repreendem e não consegue ter paciência com essa dificuldade. À medida, caro
filho, em que entrar melhor no espírito de nosso divino Senhor, se tornará mais
forte contra tais aflições. Somos os discípulos do Deus manso e humilde de
coração, devemos reconhecer diante dele nossas imperfeições e nossas misérias,
e não procurar demais dissimulá-las aos olhos dos outros nem temer tanto sofrer
alguma censura. Chega-se, sabe, a essa calma feliz pela oração, pela
contemplação de nosso divino modelo e, enfim, exercitando-se a cada dia para
suportar mansamente alguma susceptibilidade de nosso amor próprio.
Um
meio bem seguro também para se acalmar (e vejo com satisfação que soube
recorrer a isso) é abrir-se simplesmente a seu superior. À medida em que lhe
explica sua pena, se sente que diminui e, se o superior acrescenta algumas
palavras de consolação e de encorajamento como acontece de costume, o mal
desapareceu, e a serenidade e a confiança voltaram.
Você
mesmo acaba de experimentar isso. Estava me escrevendo, com o coração cheio de
tristeza, duvidando de suas forças, quase perdendo a esperança no futuro, mas
logo uma nova carta me informava que tudo tinha mudado: tinha falado, tinha
aberto sua alma, a graça e a paz haviam descido por essa abertura, o mal estava
curado.
Acontecerá
o mesmo uma outra vez, se o caso se reapresentar. Tenha, portanto, boa
confiança, caro filho, sua intenção é reta, os indícios de uma verdadeira
vocação são sensíveis em
você. O Deus que o chamou o sustentará no caminho e nós, seus
amigos, seus Pais em
Jesus Cristo, entraremos nas vistas de sua divina
misericórdia, dando-lhe assistência da melhor forma possível na via perfeita em
que devemos andar juntos.
Lembrar-me-ei,
particularmente, de dar-lhe minhas orações e sacrifícios e estarei sempre disposto
a testemunhar-lhe minha bem cordial afeição.
Seu
todo devotado amigo e Pai em N.S.
Le Prevost
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