Vida das
obras. Não depreciar a si mesmo. Ver o bom em nós e nos outros, é assim que
“Deus nos olha, já que se digna amar-nos”.
Vaugirard,
7 de janeiro de 1870
Meu
caríssimo filho em N.S.,
Começo
consertando uma gafe de minha parte. Ontem, no retiro mensal, estando rodeado por
todos os nossos irmãos de fora e da Casa-Mãe, encarreguei um deles de levar ao
Sr. Henry [Piquet] a palavra que você lhe escrevia sobre algum trabalho de
oficina. Essa palavra não lhe foi entregue e não consigo me lembrar a quem a
confiei. Parece estar extraviada. Escreva, portanto, algumas linhas diretamente
ao Sr. Henry para supri-las.
2o
– O Sr. Georges [de Lauriston], sobrecarregado e, aliás, absolutamente sozinho
para cuidar de seu sermão beneficente anual, está desanimado e não se mexe de
maneira alguma para encaminhá-lo. Precisaria que fosse um pouco ajudado. O
menor auxílio lhe seria suficiente, mas não vejo ninguém que possa lhe prestar
esse bom ofício. Eis o pensamento que nos veio e que nossos irmãos aqui aprovam
com grande satisfação. Antes de chegar a Angers, onde a substituição do Sr.
d’Arbois não é urgente, você poderia passar aqui quinze dias ou três semanas
para devolver um pouco de ânimo ao Sr. Georges, interessando-se um pouco por
seus afazeres através de algumas trocas de idéias, de algumas pequenas
tentativas comuns. Não precisará de mais nada para reconfortá-lo. O que é duro
para nós, sobretudo, como o experimentou em Amiens, é encontrarmo-nos sozinhos
e não termos condições nem para nos concertarmos, nem para sermos um pouco
seriamente ajudados. Vou escrever uma palavra nesse sentido ao Sr. d’Arbois,
para que ponha essa previsão nos seus planos. Tinha pedido ao Sr. Lantiez para
falar-lhe nesse sentido, não sei se o fez.
Para
a disciplina do orfanato, não poderia experimentar ali o Sr. Eugène [Dufour], e
tomar o Sr. Lemaire, na rua de Noyon, para ajudar no patronato? Chamaríamos de
bom grado o Sr. Lemaire de volta para cá, onde seria muito útil ao Sr. Myionnet
para as oficinas, mas não vejo ninguém que possa lhe ser enviado em
substituição, que tenha a sombra de experiência ou de disposição para a
disciplina. Em todo o caso, é preciso que o Sr. Lemaire obedeça. Creio que a
persuasão, junto com a firmeza, não será sem resultado.
Acho
que você pensa e fala demasiadamente mal de si mesmo. Não devemos ver nem a nós
mesmos, nem aos outros com lupa. A humanidade não foi concebida (após a queda)
para ser olhada assim. Tomada no seu conjunto e escolhendo o ponto, encontra-se
nela bastante coisa boa para suportá-la. Assim é, sem dúvida, que Deus nos
olha, já que se digna amar-nos. Tomemos seu Coração misericordioso, para termos
piedade do próximo e de nós mesmos.
Venha
em breve (quando achar oportuno). Nós nos consolaremos e nos reconfortaremos
juntos. O Sr. Lantiez parece estar contente com a tarefa que encontra já
executada e parece bem disposto a continuá-la.
Adeus,
meu caríssimo amigo. Hoje é sábado, tenho ao meu redor várias coisas que não
serão feitas. Que estas duas palavras partam, portanto, sem mais nada, a não
ser meu afetuoso apego em Jesus e Maria.
Le Prevost
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