Votos de
ano novo. Os Srs. de Varax e de Lauriston sobrecarregados por seus trabalhos.
“Digne-se a graça de Deus suprir todas as nossas indignidades e impotências”.
Chaville,
10 de janeiro de 1870
Meu
caríssimo amigo e filho em N.S.,
Agradeço-lhe,
assim como aos nossos irmãos, por sua boa carta de festa e de ano novo. Sabe de
antemão como nossos votos são sinceros por você e por aqueles que partilham
seus trabalhos. Possa a cordial caridade que o Senhor pôs em nossa pequena
família aumentar ainda e nunca diminuir.
De
costume, cada um de nossos irmãos me escreve uma palavra nessa ocasião. Todos o
fizeram como sempre, fora os de Angers (o Sr. Boiry me escreveu). Noto isso,
não por mim, mas para ficar fiel às tradições que têm seu valor quando
concorrem para prestar um dever e uma marca de afeição ao chefe da família.
O
Sr. Georges [de Lauriston], sobrecarregado por seus trabalhos e mais ainda
pelas responsabilidades financeiras que pesam sobre ele para Vaugirard e para
Grenelle, desmorona sob o peso e está absolutamente desanimado para seus
sermões deste ano. Declara sua incapacidade para empreender algo se não for
ajudado, amparado e incentivado. Pedi ao Sr. de Varax (junto ao qual o Sr.
Lantiez acaba de chegar) para vir a Vaugirard duas ou três semanas, quando
puder deixar Amiens, para dar uma mão ao Sr. Georges para seus sermões. Se
esperasse o momento em que você mesmo estiver livre para chegar aqui, seria
muito tarde demais: a estação já está adiantada e o primeiro passo ainda não é
dado.
Para dizer tudo, acho essa estada momentânea na
sede da Comunidade necessária também para o Sr. de Varax. Os trabalhos em
Amiens foram rudes para ele, os cansaços do cargo, acrescentados aos freqüentes
mal-estares de sua saúde, o puseram em um estado físico e moral que já me
assinalou várias vezes e que tem alguns indícios inquietantes, não como ameaça
de uma prostração absoluta, mas ao menos como indicando, talvez, que um tempo
de calma e de relaxamento lhe seria necessário antes que pudesse retomar a
responsabilidade de uma outra obra.
Comunico-lhe,
aqui inclusa, confidencialmente, sua última carta, de mesma forma que
duas ou três outras que a precederam. Peço-lhe para me devolvê-la após tê-la
lido. Esse estado de coisas podendo trazer uma demora nas mudanças decididas,
talvez fosse bom não indicar sua saída de Angers como imediata, para não ter de
dizer em seguida que seria adiada.
Vamos
como sempre. Todos estão muito ocupados e carregados demais, seja por causa do
peso das obras, seja por causa de nossa insuficiência. Digne-se a graça de Deus
suprir todas as nossas indignidades e impotências.
Adeus,
meu excelente amigo. Ofereça meus respeitos aos Srs. Vigários Gerais. Se pensar
que devo escrever-lhes, por ocasião do ano novo, como fazia para Monsenhor de
Angers, diga-me depressa. Não escrevo, de costume, a Metz nem a Amiens.
Seu
todo afeiçoado amigo e Pai em N.S.
Le Prevost
|