Encorajamento
a perseverar no seu desejo de vida religiosa. O Sr. Le Prevost entende bem as
razões das oposições que encontra: “os tempos são ruins, a fé
enfraqueceu”.
Chaville,
10 de fevereiro de 1870
Meu
caríssimo filho em N.S.,
Recebemos
sua carta com grande alegria, pois nos anuncia que, após uma viagem feliz,
encontrou seu bom pai bem melhor do que esperava e todo o resto de sua família
em saúde satisfatória. Rezamos com você para que seu caro pai complete seu
restabelecimento e que seu estado o tranqüilize.
Entendemos
bem as dificuldades de sua posição e as oposições que sua vocação encontra. De
antemão, as tínhamos previsto e já sabíamos o que teria de sofrer. Estamos em
tempos ruins, a fé enfraqueceu, quase não há mais famílias que dão
generosamente e de coração algum de seus membros para o serviço do Senhor.
Ainda se consente em fazer alguma parte ao sacerdócio, porque, desse lado, é
possível se criar uma certa posição, atrair para si alguma honra, mas esses
pontos de vista, totalmente humanos, não encontrando nada que os possa
contentar no estado religioso, o desprezam e não captam-lhe nem o mérito nem a
santidade. Para você, meu caro filho, saiba bem que, enquanto a Igreja tiver
verdadeiros filhos, esses saberão que a consagração inteira de si mesmo a Deus,
com o desapego completo das coisas deste mundo, constitui o estado de
perfeição, a melhor parte, assim como o declarou nosso divino Senhor, e que
felizes, três vezes felizes são aqueles que Ele chama para isso e que escolheu
para si como uma milícia privilegiada que deve andar de bem perto no seu
seguimento. Então, não leve em conta de maneira alguma os dizeres e as
contradições dos que o rodeiam. A falta de luzes os explica e deve nos levar a
escusá-los, mas cada um tem seu caminho. Se o maior número é chamado para a
vida ordinária, Deus faz para si sua parte, Ele reserva os seus para seu
serviço, e seu dever é o de responderem a seu apelo.
Tinha
chegado a esse ponto desta carta que lhe escrevia quando me remeteram a segunda
que me dirige.
Vejo
com alegria que o divino Senhor o acompanhou em sua ausência do Noviciado e
supriu, Ele mesmo, as direções que recebe ali. Você pensa justamente, meu caro
filho, está perfeitamente com o direito de voltar, e acrescento com muita
nitidez que deve fazê-lo. Entendo bem o pesar que experimenta o Sr. Pároco ao
vê-lo partir. Um pastor zeloso é feliz por ter em sua paróquia fiéis piedosos
que possam edificar os outros. Mas quando estiver aqui, aos pés de Deus, nos
piedosos exercícios do Noviciado, tenha certeza absoluta de que sua oração,
feita mais poderosa pelo sacrifício, conseguirá mais bênçãos para sua região,
para seu próprio Pastor e para sua família do que faria sua presença habitual.
Portanto,
meu caro filho, já que seu bom pai está melhor e que, aliás, está rodeado por
seis outros filhos e três noras, não hesite em voltar logo que puder. Logo que
souber o dia de sua saída, escreva-me, para que nossos irmãos o aguardem e se
alegrem com sua chegada.
Sabe
que, a cada dia, aqui se reza em comum por tudo o que interessa à Comunidade.
Não deixamos de rezar especialmente por você, e fazemos também uma menção para
seu bom pai.
Ofereça-lhe
meu respeito e acredite, você mesmo, meu caro filho, em minha cordial afeição
em N.S.
Seu amigo e Pai
Le Prevost
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