Dificuldades
da situação em
Roma. Repugnância para uma reintegração na obra.
Vaugirard,
13 de maio de 1870
Meu
caríssimo filho em N.S.,
O Sr. Beluze, chegando de Roma, nos trouxe a
notícia de que você estava muito cansado e muito doente por uma disenteria que
dura há vários meses. Os Srs. Coquerel e Pappaz nos falaram no mesmo sentido, e
todos concluíram pela necessidade, para você, de tomar um repouso um pouco
prolongado (dois meses, ao menos), para se restabelecer e para evitar a estação
dos calores em Roma. O Sr.
Keller, a quem falei, acha a proposta praticável. Pensaríamos, portanto, em
fazê-lo vir para passar esse tempo de férias perto de nós, persuadidos de que,
em família, recuperaria melhor suas forças e sua saúde. A dificuldade seria
substituí-lo durante essa ausência. Pensávamos que, uma vez o Sr. Streicher colocado
bem ao par, poderia, com o Sr. Jouin, que seria deixado aos zuavos, por
enquanto ao menos, fazer todo o serviço de atividade, e que o Sr. Georges [de
Lauriston] ocuparia a posição, para responder a todos os pedidos ou informações
e negociar com os chefes militares ou outros. Se o Sr. Keller, a quem só pude
dizer algumas palavras às pressas sobre essas disposições, as considerasse
praticáveis, será que, de seu lado, veria nelas vantagem e ausência de
inconvenientes notáveis na execução? Responda-me logo, para que examine
definitivamente se todo esse projeto é realizável.
O Sr. Emile [Beauvais] propõe-me deixá-lo tomar
consigo o Sr. Lucien Jacquart, que não quer ficar nos Irmãos belgas. Desse modo,
diz o Sr. Emile, se evitaria o inconveniente de deslocar um irmão da Comunidade
e de ocasionar ao Comitê novos gastos de viagem. Vejo nesse projeto duas
dificuldades: não poderíamos retomar antes de muito tempo o Sr. Jacquart como
membro da Congregação. Sua inconstância manifesta não nos dá garantia para o
futuro; não seria conveniente, de outro lado, que recebêssemos um sujeito
saindo dos Irmãos belgas: ou poderiam nos acusar de lhes tirar um sujeito, se
fazem questão dele, ou pareceríamos nos acomodar com seu refugo, se estão
dispostos a vê-lo ir embora. Uma só hipótese seria admissível: se o Sr. Lucien
saísse por si mesmo dos irmãos, você poderia admiti-lo como empregado na Villa,
alimentando-o e dando-lhe um pequeno ordenado para sua manutenção. Nesse caso,
você iria, antes de toda admissão desse tipo, encontrar o Superior belga e lhe
diria:
“O Sr. Jacquart, saído de sua Congregação, nos
pede um emprego na Villa; tem alguma queixa séria a formular contra ele?” O
Irmão, assim bem informado sobre os fatos e sobre a posição tomada pelo Sr.
Lucien, não poderia razoavelmente nos acusar de modo nenhum. Essa diligência
seria totalmente essencial.
O Sr. Keller não veria inconveniente nenhum no
fato de um de nossos padres ter o título de capelão honorário. Falará nisso no
Conselho do Comitê na segunda-feira próxima, eu lhe direi sem demora a decisão.
Se for afirmativa, o Comitê estaria disposto a apoiar nosso pedido. Diga-me se
seria junto ao Monsenhor Tizzani ou junto ao Monsenhor Bastide que deveríamos agir?
Seria preciso esforçar-se para que a coisa, se acontecer, não ferisse ninguém;
talvez não seja sem dificuldade. Deus proveria, se assim for.
Procure, caro filho, desenredar suas contas,
para que, se tivesse de transmiti-las temporariamente a outrem, pudesse fazê-lo
com um pouco de clareza.
Pedi expressamente ao Sr. Keller que fosse
dispensado das pensões dos militares. Achava ele que já fosse fato consumado.
Acho que vão escrever ao Sr. Descemet a esse respeito. A gerência do
restaurante nos inquieta também, porque pode acontecer, nos diz o Sr. Coquerel,
que se tenha, a cada mês, déficits notáveis nessa empresa. Examine tudo isso de
muito perto.
Adeus, meu caro filho, rezamos por todos vocês
e pedimos em particular que sua saúde se firme.
O Sr. Streicher partirá, acho, no decorrer da
semana em que vamos entrar. Faz todos os seus recados atrasados.
Seu todo afeiçoado amigo e Pai em N.S.
Le Prevost
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