Conselhos
para a educação de seu filho.
Vaugirard, 11 de junho de 1870
Senhora Marquesa,
Apresso-me para responder à sua boa carta, que
aguardava com esperança e, no entanto, com um pouco de impaciência; e agora,
associo-me de todo o coração à sua alegria e à de sua boa mãe. Mais uma vez,
teremos visto que a oração nunca é vã e que, se Deus não concede sempre o que
pedimos, é que Ele quer nos dar melhor ainda, proporcionando seus dons às
nossas verdadeiras necessidades. Teria sido para você, sem dúvida, mais
agradável, Senhora, seu caro Richard conquistar à primeira tentativa seu
diploma de bacharel. Mas, de fato, será bem mais proveitoso para ele possui-lo
unicamente por esforços constantes. Além do que vai agora dar prova de
perseverança, que faz também ato de deferência para os desejos da mais terna
mãe, vai fortalecer seu espírito por um estudo mais aprofundado e adquirir uma
ciência sólida, em lugar de noções amontoadas às pressas e necessariamente
superficiais. Se, como tudo deixa pensar, pegar assim gosto pelo estudo, terá
para o resto da sua vida um verdadeiro tesouro. Pois, as vantagens do
nascimento e da posição não são tudo. São sobretudo os gozos de um espírito
culto que concorrem a elevar os homens e os põem em condição de exercer uma
útil influência a seu redor. Com todas as vantagens que já tem, seu caro filho,
se adquirir conhecimentos reais, poderá prestar serviços a seu país, tomar
lugar nos Conselhos Gerais, ou desempenhar algumas funções elevadas onde o
chamaria a confiança de sua vizinhança. Na primeira juventude, as pessoas se detêm
pouco nesses pensamentos; mas, quando amadureceu o espírito, quando o
sentimento dos deveres fala mais alto, aprecia-se justamente os recursos que
procuram um juízo adestrado, conhecimentos bem adquiridos. Tudo isso está em
promessa nas boas disposições que mostra seu caro filho para continuar seus
estudos. Possuindo melhor a ciência, irá gostar dela, repito, e terá a peito
cultivá-la e aumentá-la sempre. Enfim, encontrará nela um útil emprego de suas
faculdades, um preservativo contra o tédio, um meio a mais para ser amável e
atrair para si a estima.
Bendigamos, então, ao Senhor que fez bem todas as
coisas. Fará concorrer o futuro tão bem como o passado para sua consolação e
para a alegria de seu coração. Vou continuar rezando nessa intenção, feliz por
encontrar em meu santo ministério preciosos meios para secundar seus desejos.
Ficarei sabendo com alegria que tudo corresponde a
seus votos em nossa querida região da Normandia, que sua vizinhança sabe
reconhecer a boa influência que exerce sua estada no campo e que, para o
espiritual também, suas dificuldades vão enfim desaparecer. Gostaria ainda que
sua pequena capela tivesse ao menos algumas vezes as vantagens que tinha
esperado: reunindo toda a sua casa para o Santo Sacrifício e para as orações comuns,
Deus estaria assim ainda mais perto de vocês: “Quando estiverem reunidos
dois ou três em meu nome, nos diz Ele, estarei no meio de vocês.” Comprazer-se-ia
numa família tão cristã! Confiemos que Ele quererá fazer nela, um dia, bem
definitivamente seu lugar.
Não sei se o Sr. de Caulaincourt está perto de você.
Dirijo, à ventura, a ele e a todos os seus, de quem tenho a honra de ser
conhecido, meus sentimentos muito devotados e peço-lhe, Senhora Marquesa, para aceitar,
você mesma, assim como a Senhora d’Hurbal, meu bem respeitoso apego em N.S.
Seu humilde servo e amigo
Le Prevost
P.S. Junto aqui a carta que contém, a respeito dos
esforços tão constantes de seu caro Richard, um testemunho repleto de
esperanças.
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