Rápido
olhar sobre as provações do Instituto na véspera da guerra. A defecção do Sr.
Lantiez, seguida por várias outras. Resignação e sabedoria.
Chaville, 20 de julho de 1870
Meu caríssimo amigo e filho em N.S.,
Agradeço-lhe o estudo atento que fez das observações e
disposições pessoais do Sr. de Varax. Uma carta que recebo dele me indica ainda
mais nitidamente a extrema repugnância que terá em retornar a Angers e,
conseqüentemente, o perigo que haveria em mandá-lo de volta para lá. Chega a
considerar como desejável a supressão, para nós, desse posto, e lança um gemido
doloroso ao pensar que se poderá desejar vivamente esse corte, mas que não se
terá a coragem de executá-lo. Seria, com efeito, um ato grave e que exigiria
grandes cautelas. Mas, será que, sabiamente, será possível evitá-lo?
Ontem, festa de São Vicente de Paulo, recebi, por uma
carta do Sr. Lantiez, o aviso formal de sua retirada da Congregação e de sua
vontade determinada e, acho, aceita de entrar nos Jesuítas. Coloquei o
sacrifício aos pés de Deus. É o mais duro dos que tenha sido obrigado a
consumar desde minha entrada em vida comum.
Tem-se, portanto, que nomear alguém em Amiens. Se você ficasse
em Angers, Vaugirard seria também desprovido, e é o lar da família. Grenelle,
tão fraco em sua direção, tem grande necessidade de vigilância, e Sainte Anne
mais ainda, e Saint Charles e Saint Jean igualmente. Podemos, nas
circunstâncias graves em que vamos nos encontrar em tempo de uma terrível
guerra, com pouco recrutamento provável (pois, o alistamento militar, como uma
imensa rede, cobre e despoja, neste momento, todas as famílias), podemos
continuar fracos e espalhados em distâncias notáveis uns dos outros, e não
devemos, ao contrário, nos reunir tanto quanto possível e nos fortalecer no
centro da Congregação? Suponho que seja colocado o Sr. Faÿ em Amiens, o Sr. de
Varax em Chaville, você em Angers com o Sr. Lainé, o que sobrará em Vaugirard
para ajudar minha insuficiência na direção do conjunto do corpo e de seus
membros particulares, para constituir em Vaugirard uma força que sustenta e
reconforta a todos e, ao mesmo tempo, um meio de vigilância para todas as obras
agrupadas em Paris e que, começando por Nazareth e pelo Círculo, não têm
direção séria nem superior propriamente dito? Sacrificar Angers seria doloroso,
mas poderia acontecer que fosse o único verdadeiro meio de salvar a corporação,
senão, talvez, de uma destruição absoluta, ao menos de um langor e de um
empobrecimento talvez incuráveis.
Pense nisso diante de Deus, a situação é grave. Além
do Sr. Lantiez, o Sr. Henry [Piquet], o Sr. Moutier, o jovem Pappaz, e quase
seguramente os jovens Dufour e Gérold nos deixam ou nos deixarão logo. Os Srs.
Gresser e Michel Manque (de Chaville) têm o medo fundado de serem constrangidos
por suas famílias, diminuídas pelos recrutamentos em massa, a voltar para junto
delas. Outros ainda estão, talvez, atingidos sem que saiba. Há ali matéria para
reflexão. Sem resolver com temeridade a questão, é sábio examiná-la diante de
Deus.
Parece-me que, se estivesse obrigado a ficar até o dia
27 para a recepção a fazer a Monsenhor Freppel, seria bom voltar logo depois,
já que o Sr. de Varax prometeu estar de volta com o Sr. Jouin para o sábado,
dia 6 de agosto. Se tivéssemos de nos retirar definitivamente desse posto, não poderia
ser sem transição nem precaução. Seria sempre preciso, seja que você, ou seja
que o Sr. de Varax retornasse por lá temporariamente.
Para o assunto da oficina, nada de urgente do lado do
Sr. Boucault, já que, desde sua saída, não tivemos um só sinal de vida de sua
parte. Mas os trabalhos andam, não sem gastos para a oficina. As contas estão
atrasadas. Em que pé estamos? Não sei nada, não tendo penetrado na situação
bastante a fundo para bem verificar.
A festa de São Vicente se passou ontem convenientemente.
O Sr. superior do seminário de Versailles cantou a missa solene de manhã, e o
Sr. Codant deu, à noite, o panegírico. As crianças e os irmãos parecem ter sido
contentes. Os anciãos da família tinham, porém, algumas preocupações no fundo
do coração, mas, na provação, conservamos a confiança em Deus e também uma
sincera submissão às disposições adoráveis de sua Sabedoria.
Seu todo devotado amigo e Pai em N.S.
Le Prevost
Mil afeições a nossos irmãos.
P.S. Acho que trará de volta consigo o Sr. Boiry.
Se precisasse de dinheiro para sua viagem e a do Sr.
Boiry, escreva-me.