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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 1501 - 1600 (1870)
    • 1564 - à Sra. Marquesa de Houdetot
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1564 - à Sra. Marquesa de Houdetot

A respeito de uma eventual saída de seu filho para a guerra. A educação cristã que recebeu deveria garantir “a nobreza do coração no meio da prova”.

 

Vaugirard, 23 de julho de 1870

 

Senhora Marquesa,

 

Entro em todas as suas preocupações de mãe e de cristã, e partilho também seus sentimentos em relação a essa guerra, em aparência muito terrível. Conjuremos o Senhor para que desvie esse flagelo e que não castigue severamente demais as iniqüidades tão grandes de nosso tempo. Muitas famílias gemem neste momento, privadas de seus filhos, de seus amparos. Um bom número deles, casados, abandonam suas jovens esposas e crianças muito novinhas. Estão aí, desde o início, sacrifícios muito dolorosos.

 

No que lhe toca em particular, Senhora, entendo bem seus medos. No entanto, considerando seu sincero apego a Deus, seu desejo tão verdadeiro de lhe guardar seu caro filho, não posso persuadir-me de que, nestas penosas circunstâncias, o bom Mestre responda a suas instantes súplicas por uma provação, por um perigo que possa ser fatal a seu caro filho. Persuado-me, ao contrário, de que, agora como sempre, o Senhor fará brilhar sua sabedoria e sua misericórdia.

 

Examinando as coisas nesse espírito de confiança e de , não se pode esperar que seu caro filho, se tivesse de participar em algum lugar na luta que começa, se fortaleceria em seus bons princípios, em suas nobres disposições, em vez de se afastar deles? Não saberia ficar sempre sob a sombra de sua terna proteção. É preciso que adquira a iniciativa, a ação própria que pertence a um homem, como alguma experiência nas relações por fora. Esse complemento era necessário para a educação toda interior e toda familiar que recebeu sob seus olhos. A inação em que ia se encontrar, em seu isolamento, começava a inquietá-la. Se vai para um certo prazo ao batalhão de que deverá ser membro, encontrará ali movimento, relações, contatos múltiplos que o obrigarão a tomar suas responsabilidades e desenvolverão sua energia, sua firmeza, suas qualidades de varão em uma palavra. Tudo isso é necessário para não ficar desarmado e sem defesa nesta vida, em que, para os homens sobretudo, o conhecimento do mundo e a força da vontade são necessidades de primeira ordem.

 

É verdade que se pode recear que, com esse contato com muitas naturezas que são longe de serem todas boas e escolhidas, a alma tão reta e tão honesta de seu caro filho perca algo de sua candura tão amável. Mas a solidez de sua , sua fidelidade em praticar até agora seus deveres cristãos e também suas incessantes orações serão garantias muito poderosas. Deus estará com esse bom e caro jovem e seu anjo o protegerá. Após uma ausência bastante limitadavoltará, talvez, para a Sra. fortalecido, aguerrido e definitivamente assentado nesse caminho da verdade e do bem em que seu coração tanto desejou vê-lo estabelecido. Será o acabamento de sua tarefa, e Deus terá concorrido para realizá-la com você. Assim é que tudo o que é bom e santo se realiza no mundo. Tenhamos, portanto, confiança, Senhora Marquesa, todas ass coisas concorrerão para esse final feliz. A provação que tanto a amedronta deve ser sofrida por todos, num sentido ou noutro. A seu redor, em sua família, seu caro tio, o Sr. de Rugy e o irmão de seu tio, morto na Argélia, que conheci também, começaram assim. Quase todos os filhos de família devem, no começo de sua carreira, pagar sua dívida por algum serviço militar. Todos aqueles que foram verdadeiramente fortificados e aguerridos por uma educação primeira verdadeiramente cristã tiram proveito dessa prova e não perdem nada de seus sentimentos e de sua nobreza de coração.

 

Acho, Senhora Marquesa, que as coisas são assim segundo as vistas de Deus a respeito de seu caro filho, e que, com a ajuda de suas orações e das de sua venerada mãe, tudo acontecerá como acabo de dizer. É possível que, afinal, o Senhor resolva as coisas de outra forma, que seu caro filho não parta ou parta apenas para alguns instantes, mas guardo esta convicção: sua não será decepcionada, os bons sentimentos de seu caro filho serão conservados e, em qualquer caminho onde Deus o colocar, ficará sob sua guarda e será sua consolação. Confiança, tudo irá para um final feliz, é minha última palavra e minha firme esperança.

 

Sou, com um mui respeitoso e mui sincero devotamento pela Senhora e por sua cara família,

Seu humilde servo e amigo

 

                                               Le Prevost

 

P.S. Começamos as missas desde a recepção de sua carta. Serão continuadas fielmente todos os dias.

 

 




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