Situação
geral da França. Paris ameaçada. Formação da ambulância voluntária.
Vaugirard, sábado 20 de agosto de [1870]
Caríssimas amigas,
Não lhes escrevi nestes últimos tempos. A situação
geral de nosso país lhes é conhecida como a mim: não tinha nada a lhes informar
a respeito. Ocupa tão fortemente os espíritos que não se tem mais muita atenção
para os assuntos particulares. Vocês, até agora, estão fora da ação dos
exércitos. Ela se aproxima pouco a pouco de Paris e parece quase certo que
estará logo ao redor de seu recinto.
Aqueles de casa que não podem combater inscreveram-se
para o serviço dos feridos. Uma ambulância especial, que nos foi confiada
oficialmente e que se compõe exclusivamente de nossos irmãos e de alguns
religiosos de Congregações que são nossas amigas, partirá na terça-feira
para se juntar ao exército, ainda não sei em que ponto. Os dois capelães que a
acompanham são os Srs. Lantiez e Hello, que conhecem. Rezem muito por eles
todos. Sua missão é santa e de dedicação, mas tem graves perigos e também
muitos cansaços. Todas as nossas casas aqui são oferecidas ao Governo que
disporá delas, se for o caso, para as necessidades do serviço público. É a hora
do despojamento de nós mesmos e de tudo. Acho que todos ao nosso redor estão
bem dispostos para isso.
O Sr. Paillé deve conduzir para o interior sua irmã
que reside perto demais das fortificações. Passará, talvez, não longe de vocês
por ocasião dessa viagem. Seria possível que, na volta, lhes fizesse uma
visita. Dou-lhes esse detalhe para que estejam sem preocupação, se acontecesse
que, de fato, lhes desse notícias nossas de passagem. A coisa é, de resto,
muito incerta.
Adeus, caríssimas amigas. Coloquemo-nos bem nas mãos
de Deus. Ofereçam meus respeitos ao Sr. Pároco e a seus amigos.
Seu irmão e tio devotado
Le Prevost
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