Agradecimentos pela
carta escrita após o casamento de V. Pavie. Seu comum amigo Gavard lhe fez, de
viva voz, a narração do inesquecível dia.
12 de
agosto de 1835
Fico-lhe bem grato, muito querido filho, por me ter dado tão depressa sinais de
lembrança, apesar das alegrias de uma volta, do tumulto inebriante de uma festa
e das mil afeições de que você está cercado. A parte que você me fez no meio de
tudo isso se torna mais preciosa para mim. Sua amável cartinha ficará com
minhas mais amadas, minhas mais escolhidas, com as que não preciso reler, que
olho somente às vezes porque um olhar para elas me satisfaz.
Nosso amigo Gavard não
enganou sua expectativa, nem a minha. Desde a chegada, ele me conduziu sob as
árvores, em lugar fresco, e aí, tendo-me pedido para sentar-me, sem parar
durante três horas, ele me contou minuciosamente fatos, palavras e gestos. Que
nosso muito querido Victor fosse o assunto quase único dessa longa conversa,
era o que se devia, mas os outros também não foram esquecidos. Você
sobretudo, caro amigo, e sua tão boa família tiveram nela o lugar que lhes
pertencia, quer dizer grande e de predileção como nossos sentimentos por você.
Soube assim o êxito de seus versos; tinha-o bem previsto, são os melhores, os
de melhor inspiração que você tenha feito: que suas lágrimas tenham vindo como
dupla homenagem ao nosso bem amado Victor, nada mais simples, tudo vinha da
mesma fonte. Ele bem merece ser amado assim, e você, caro amigo, o mais novo, o
mais puro de todos os seus amigos era bem digno de nos servir de órgão; sua voz
falava por nós todos; oh! assim como sei, o coração de nosso amigo deve ter
vibrado bem alto com tal harmonia! Que linda, que encantadora lembrança para
você, caro filho, bendiga a Deus, pois a milhões de outros em toda a sua vida,
ele não concede uma igual! E sabe, amigo, por que a você antes que a eles
tal favor é concedido? É em primeiro lugar porque o ama acima dos outros, pois
seu amor é livre, e depois, com seus vinte anos seu coração ainda é puro, isso
explica tudo, persevere, caro filho, e o presente lhe será uma garantia do
futuro.
Escrevo-lhe no fim de uma longa e cansativa sessão de escritório, e se meu
coração, na falta do resto, não empurasse minha pena, não teria tentado
escrever-lhe. Fazia questão de dizer-lhe, quanto antes e pela primeira ocasião,
algumas palavras ao menos como primeira prestação para as outras cartas que
poderei, espero, escrever-lhe.
É Léon que se encarrega da carta: pobre rapaz, desde algum tempo estava
um pouco abandonado. Angers, sem dúvida, lhe reserva compensação. Penso sem
cessar em nosso Edouard,
diga isso para ele, queria escrever-lhe71 também, mas nem posso levar
ao término este bilhete. Quando aqui, durante seus sofrimentos, eu não podia
lhe falar para não cansá-lo, abraçava-o, abrace-o por mim.
Gavard me fez amar com ternura sua família, gostarei de não lhe ficar
inteiramente alheio, diga em particular mil coisas amigáveis a seu jovem irmão,
já somos, sabe, um pouco amigos.
Adeus, querido filho, até logo, guarde-me bem perto de você, tenho-o eu
sempre aqui.
Léon Le
Prevost
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