Carta
enviada por balão. Perguntas feitas com a esperança de escapar ao controle
prussiano. Notícias dos sitiados.
Vaugirard, 14 de novembro de 1870
Caríssimo amigo e filho em N.S.,
Graças à ação combinada dos balões e dos
pombos-correios, posso esperar fazer-lhe chegar estas poucas linhas e obter até
alguma aparência de resposta sua, por meio do cartão anexado, conforme os
jornais já lhe explicaram talvez.
Vou fazer aqui quatro perguntas, e poderá responder
por sim ou não, que inscreverá neste cartão, nos números 4, 5, 6,
7, sob os quais são classificadas.
Guardarei anotadas, eu mesmo, as quatro perguntas e
farei corresponder suas respostas sim ou não aos números 4, 5, 6,
7, sob os quais são classificadas.
4 - Todos estão bem ou ao menos passavelmente?
5 - Os estudos de seus jovens andam?
6 - Tem algumas notícias de nossos irmãos da
ambulância, ultimamente em Sedan? (Não ouvimos mais falar deles)
7 - Tem também algumas notícias de nossos irmãos de
Roma? (Estamos na mesma ignorância a seu respeito).
Eis as minhas quatro perguntas para hoje. Sua resposta
sim ou não será muito breve, mas, se chegar até mim, poderei
fazer-lhe outras perguntas.
Terá, após ter escrito os “sim” e os “não”,
que entregar pura e simplesmente o cartão (franquiando-o) ao Diretor do
correio, que se encarrega de fazer chegar os sim e não pelos
pombos. Por meio da fotografia, reduz-se o tamanho da letra a proporções que escapam
ao olho e, na chegada em Paris, aumentam o tamanho das fontes por um processo
contrário.
Antes do início do sítio, pedi à Sra. de Houdetot,
sobrinha do Sr. de Caulaincourt, que lhe escrevia, para pedir-lhe, de minha
parte, que adiantasse os fundos de que necessitasse, comprometendo-me em
devolvê-los desde que o sítio de Paris fosse encerrado. Mas, seja que lhe tenha
feito, como acho, esse pedido, seja que o Sr. de Caulaincourt não o tenha
recebido, pode contar com esse excelente amigo: prestar-lhe-á os serviços de
que precisar.
Não vamos mal até agora em Paris. O sítio traz
embaraços e dificuldades, mas ainda não intoleráveis. Nossas obras se mantêm,
diminuídas em número, mas livres atualmente em sua ação. Quase em todas há
ambulâncias e locais de reunião para os militares, particularmente os que
vieram do interior.
Estão sendo aguardados esforços mais importantes de
nossas tropas que começam a ser bem organizadas. Pouca esperança para o
armistício que, aparentemente, devia realizar-se. Os dos nossos que estão em
Paris se reunirão na segunda-feira, dia 21 deste mês. Estará certamente em
união conosco. Todos os dias e em todas as circunstâncias favoráveis, fazemos
memória dos irmãos ausentes.
Adeus, meu caríssimo amigo. Abraço-o assim como os
nossos irmãos, do mais fundo de meu coração.
Seu amigo e Pai
Le Prevost
Ofereça meu respeito e minha viva gratidão ao Sr.
superior [do seminário de Tournai]