Pedido
de notícias. Informações sobre as obras de Paris. O Sr. Le Prevost lamenta o
pouco de orações públicas “para aplacar Deus e merecer que perdoe a seu povo”.
Vaugirard, 14 de dezembro de 1870
Meu caríssimo amigo e filho em N.S.,
Escrevi-lhe, há algum tempo, por balão. Nenhuma resposta
veio, não sei se minha carta chegou a você. Tinha juntado um cartão, pelo qual
teria podido responder por sim ou por não a quatro perguntas que
estavam colocadas. Mas acho que as inscrições que pusera não estavam regularmente
feitas, seria, portanto, possível que fosse por causa disso que minha remessa
não teve resultado. Vou renovar minhas perguntas. Teria que responder por sim
ou por não, na mesma ordem em que as coloco, nas colunas traçadas no
cartão anexado:
1a pergunta.- Todos passam bem ou ao menos
razoavelmente? (Coluna n o 4 no cartão)
2a pergunta.- (Coluna no 5) Pôde
prover às suas necessidades e pode andar com os auxílios procurados até nossa
libertação aqui?
3a pergunta.- (Coluna no 6) Tem
consigo (salvo o Sr. Baumert, que me dizem estar em Londres) todos aqueles que
partiram em sua companhia ou que se juntaram a você desde Paris?
4a pergunta.- (Coluna no 7) Sabe
se os Srs. Chaverot e de Lauriston estão passando bem ?
A essas perguntas, responderá por sim ou por não,
em cada uma das colunas que acabo de indicar.
Na casa ou coluna no 1, inscreverá o nome
do país em que está (Tournay – Bélgica); na 2a coluna, suas
iniciais; na 3a, meu endereço em Paris-Vaugirard, Chemin du Moulin,
no 1; nas outras colunas, sim ou não, segundo convém.
Escreveram-nos de Tours, por telégrafo, que o Sr. Hello estava em Angers, e os
Srs. Streicher e Jouin, em Tournay. De Angers, uma outra missiva nos disse
que os de Roma estavam protegidos. Como? Não sabemos. Disseram também que não
faltava ninguém em Amiens, que o Sr. Baumert estava em Londres e que os Srs.
Ginet e Guichard eram soldados.
Em Paris, o sítio comporta grandes embaraços, mas não
intoleráveis até agora. Não sabemos o que o futuro nos trará. Nossas obras,
diminuídas, subsistem no entanto. Paris e a França estão armadas e querem
resistir energicamente ao inimigo. Sua ferocidade nesta guerra suscitou em todo
lugar a ira e a necessidade de repugná-lo a todo o custo.
Reza-se o bastante em geral. Os militares, na
sua maioria, se mostram cristãos, só temos motivo para nos louvar deles nas
ambulâncias de nossas casas. Mas as massas, em seu conjunto, ainda não estão
convertidas. Até agora, faltam as orações públicas ou de grande manifestação,
para aplacar Deus e merecer que perdoe a seu povo. A autoridade eclesiástica se
mostra tímida para provocá-las, por medo, sem dúvida, das oposições ou de algum
escândalo.
Estou persuadido de que reza conosco. Todas as noites,
rezamos pelos irmãos ausentes, e também por nossos órfãos afastados
forçosamente de nós. Sobram, no entanto, 35 em Vaugirard.
Afeições a todos.
Seu devotado amigo e Pai
Le Prevost
P.S. Uma vez preenchido o cartão, o entregará ao
Diretor do Correio, com selo de 1f.
Ele se encarregará de fazer chegar seus “sim” e “não”.