P.S.
do Sr. Le Prevost
Pedido
insistente de notícias dos irmãos e das obras de Roma. Narrativa das
tribulações pelas quais passaram as comunidades da França.
Vaugirard, em 17 de fevereiro de 1871
Meu bem-amado e venerado irmão,
É em nome do Padre Superior que lhe escrevo. Tem
necessidade de saber notícias suas e de nossos irmãos, após um longo cativeiro
como o do sítio que nos isolou durante cinco meses.
Uma só missiva, chegada sob a asa dos pombos nos deu,
em dezembro, uma vaga informação sobre a volta dos Srs. Jouin e Streicher que
estão na Bélgica atualmente. Para você, caro amigo, e os Srs. de Lauriston e
Beauvais, vemo-los ainda no interior dos muros dessa Roma tão desolada pelos
recentes flagelos que acabamos enfim de conhecer, e nos perguntamos com uma
preocupação bem viva: O que estão fazendo? O que aconteceu com eles? Estão
ainda todos vivos? Tiveram que sofrer dos acontecimentos políticos? Estiveram
em perigo de certa maneira por ocasião das inundações?
Responda, por favor. Hoje, graças às últimas
convenções postais concluídas com nossos inimigos, o correio francês dirigirá
nossas cartas e as suas com a mesma liberdade de antes da guerra.
Um ponto parece, sobretudo, merecer explicação ao
Padre Geral. A retirada das tropas francesas (zuavos e Legião) trouxe o
fechamento de nossos Círculos. Pela mesma ocasião, não tornou a presença de
nossos irmãos inútil em Roma? Que causa determinou a estada de vários entre
vocês ali, e há urgência em prolongar essa estada doravante?
No meio de suas penas de cristãos e de Franceses,
terão, sem dúvida, encontrado alguma consolação na benevolência com que a
comunidade não cessou de ser cercada em Roma. Além disso, a nobre serenidade do Santo
Padre não terá deixado de lhe inspirar um pouco dessa confiança fora da qual
não se vive feliz. Aqui, e particularmente em Paris, a Providência dignou-se
fazer-nos partilhar esse sentimento e nos firmou nele visivelmente no meio de
nossas mais cruéis provações.
Enquanto nossas casas do interior, Metz sobretudo,
escapavam como por milagre às devastações que a guerra traz, nossas obras de
Paris não foram interrompidas. Os soldados, em vários lugares, foram
justapostos às crianças ou jovens. Os doentes e feridos também acharam seu
lugar em quatro de nossas casas. Mas a sucessão dos trabalhos ordinários pôde
ser suficientemente mantida de modo que as obras não tenham tido muito que
sofrer, além de uma diminuição mais ou menos notável em seus membros. O pessoal
de direção foi providencialmente garantido nas diversas medidas militares que
pesavam sobre nós, e cada um desses Senhores, no entanto, pôde reconhecer, em
toda a justiça, ter feito largamente seu dever pela defesa do país, sem ter
abandonado por isso outras funções que exerciam em nome da caridade.
Durante o terrível período do bombardeamento, os
projéteis, numerosos em Vaugirard, causaram somente danos secundários. Em
Grenelle, um só, acho, caiu no jardim e não estourou. Em Nazareth, embora
estivéssemos cercados de todos os lados por obuses que estouravam a uns metros
de nós, um só, penetrando no ginásio, estourou no chão e não causou
nenhum dano. As capelas, o círculo, a casa dos idosos, tudo foi guardado pela
Santa Virgem ut pupillam oculi.
Possam todos voltar para nós, meus caríssimos irmãos,
em estado tão bom como o nosso, após essa pesada provação. O regime alimentar
do sítio não fez vítimas entre nós. O canhão também não fez, embora, em nossos muros
ou nos campos de batalha, vários tenham sentido as bombas ou as balas de bem
perto.
Nossos jovens das obras foram poupados como nós. Um
só, que eu saiba, foi golpeado e tínhamos um grande número deles na linha, na
artilharia, na marinha, na móvel, na mobilizada, etc...
Eis uma breve narração de nosso sítio, meu bom irmão.
Sentindo o quanto lhe interessam nossos comportamentos, meça, à sua vez, o
quanto nos será doce saber os seus!
Deixo-os, os três, na paz e na união a Nosso Senhor
que devem sem dúvida saborear na Trapa433, e mando-lhe, com a
bênção do Padre Superior, os humildes e afetuosos sentimentos de
Seu pequeno servo e irmão em N.S.
B. de Varax
Padre dos Irmãos de SVP
O Sr. de Varax, caríssimos amigos, apenas expressa
aqui meus sentimentos. Insisto somente na alegria que teremos, todos, em
revê-lo e na utilidade que terá para nós sua colaboração. O conjunto de nosso
pessoal foi poupado, o Noviciado e vários dos nossos estão em Tournay. Se puder
voltar, faça-o. Se precisar de dinheiro para essa volta, diga-me.
Abraço-o bem afetuosamente.
Seu amigo e Pai
Le Prevost
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