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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 1 - 100 (1827 - 1843)
    • 47 - ao Sr. Maillard
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47 - ao Sr. Maillard

O Sr. Le Prevost se inquieta pela saúde de Edouard Guépin. Quer saber se V. Pavie está verdadeiramente feliz e estar ao par do que faz e seu jovem amigo Maillard.

 

17 de setembro de 1835

 

            Caro amigo,

Há muito tempo, não tenho notícias de nosso amigo Edouard: escrevi-lhe muitas vezes sem que lhe tenha sido possível, assim como bem pensava de antemão, dar-me qualquer resposta. Mas, ultimamente, pedia-lhe para recorrer a você e, por seu intermediário, me manter informado de sua situação e de tudo o que pode lhe interessar. Não recebo nada também de sua parte. Esse silêncio me inquietaria se não tivesse por fora a certeza de que você mesmo me informaria, caro amigo, de todo incidente novo na situação de nosso querido doente. Espero, portanto, que seu estado se mantenha, mas na falta de mudança notável e decisiva, não deixaria de aprender com um grande interesse alguns detalhes de sua vida ordinária e disposição de seu espírito. Minhas cartas se ressentiam de minha absoluta ignorância a esse respeito, não sabendo em que tom lhe falar, mantive-me numa inteira insignificância. Tire-me dessa situação penosa, caro Adrien, diga-me o que teria que fazer para distrair um pouco nosso amigo e agradar-lhe; fá-lo-ei sem demora.

            Edouard não é o único de quem gostaria de ter notícias; Victor, o que acontece com ele? Quase não é preciso perguntar, ele está feliz, mas, todavia, por sua natureza nossa alma está tão inquieta que quer, mesmo em pleno repouso, ainda ser tranqüilizada.Diga-me, portanto, querido filho, que ele é feliz, bem feliz, tanto como o queríamos, tanto como é preciso para nos fazer inveja sobre esse ponto, como sobre tantos outros.

     Você, enfim, caro amigo, que guardei para o último, diga-me, oh! diga-me com essa confiança tão gentil e a mim  tão doce, tudo o que você é nesta hora, corpo e alma, amor e pensamento. Tenho, sobre tudo isso, direitos de amigo, quase de pai; você tem que me prestar conta, filho. Conte-me, bem por extenso, tudo o que o ocupa e o agrada, seus lazeres, suas horas favoritas, sua vida enfim, para que eu me mire nisso como num sonho e redescubra, nessas efusões, algum traço confuso de meu passado. O que terei para dar-lhe em compensação, caro amigo, infelizmente, não saberia dizer! Uma terna simpatia e muita afeição é tudo o que me resta; você pegará, caro amigo, tanto quanto precisar e até conta quitada; jamais direi: é demais!

 

            Você se lembrou, caro Adrien, de alguns livros que devia ler em memória de mim: de Maistre ( Soirées)72, Lamennais, ou melhor se se sentir inspirado. Faço questão, se ainda não foi feito, depressa, caro amigo, a fim de que tenhamos um assunto de conversa a mais à sua volta. Teria gostado tanto, meu Deus! que a linda e larga via onde outros entram somente em desvio, se abrisse reta diante de você! Mil e mil quase não têm como escolher; quando vinte anos soam para eles, pobres desgarrados, já estão tão longe. O passado os precipita e os empurra; mas para você, a escolha ainda é livre; oh! amigo, desejo-lhe uma só coisa, é olhar bem antes de escolher.

 

            Adeus, caro filho, perdoe-me: falei demais sobre mim, sem querer. Adeus, ame-me, escreva-me, em seguida volte logo. Um abraço para Victor, Théodore, Edouard, Léon, a todos os nossos amigos, Godard, Cosnier, Nerbonne e outros ainda, o mais possível. Amo por aí, em  sua região, muitos amigos.

            Seu devotado de coração

                                                          

Le Prevost

                                                          





72 Les Soirées de Saint-Pétersbourg, (1821), obra póstuma do conde Joseph de Maistre (1753-1821), homem político e filósofo francês, adversário da Revolução Francesa. Em les Soirées, ou Entretiens sur le gouvernement temporel de la Providence, a reflexão do moralista trata do mistério do mal , « esse escolho da razão humana”, reconhece a necessidade da reparação pelo sacrifício, e conclui pela descoberta do mistério da Cruz (9o colóquio).





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