Contratempo
que atrasa o casamento de seu filho. Abandono e confiança em Deus.
Chaville, 22 de agosto de 1871
Senhora Marquesa,
O grande assunto que a ocupa incessantemente é de tão
elevado interesse para a Sra. e para seu caro filho que não poderia eu mesmo
deixar de seguir-lhe o andamento com atenção. Tinha pressa de saber o resultado
das novas entrevistas, e ousava quase achar que sua carta prometida tardava
muito para vir. Não previa muito que o acidente grave acontecido na família de
St Maur de um modo tão imprevisto ia exigir uma nova espera, ao
mesmo tempo que uma maior incerteza sobre o resultado definitivo do
empreendimento. Parece-me que o incidente, se se tornasse causa de complicação,
poderia ser considerado como um fato visível da Providência e dar-lhe muito
consolo, Senhora, de uma aparente decepção. Por vivos que estejam nossos votos
pelo êxito de um negócio, não nos é muito possível, com efeito, lamentar muito
seu insucesso quando parece certamente indicar que a Sabedoria divina intervém
para nos conduzir em outro sentido. Por isso, como vi com alegria em sua carta
as disposições de calma e de submissão em que esse grave acidente a tinha
posto, possa o Senhor mantê-la nelas para seu próprio descanso e para que essa
resignação cristã disponha cada vez mais o bom Mestre a assumir, Ele mesmo,
direi quase Ele sozinho, seus negócios. Oh! como Ele os conduzirá bem e como
lhe preparará horas consoladoras! O santo abandono, a confiança filial na
bondade e na ciência perfeita desse divino Pai, como ela é sábia e como leva
tudo a esse fim! Vendo, em sua cara visita em Chaville, suas perturbações
acerca das causas totalmente imaginárias de um resfriamento suposto e não real,
como uma nova entrevista provou, pensava que, talvez, haveria vantagem, afinal,
no fato de um projeto de estabelecimento para seu caro filho ser adiado de um
ou dois anos que, passados em viagens ou de outra forma, acrescentariam a suas
amáveis qualidades uma experiência mais profunda dos homens e das coisas, e o
colocariam ainda mais firmemente no estado em que se trata para ele de entrar
atualmente. Se tais fossem as vistas de Deus, seria de se desolar? Não
acreditaria. Mas, num sentido ou noutro, volto à disposição em que se encontra,
Senhora, de rezar e de entregar tudo nas mãos de Deus, seguindo os indícios
claros que dignar-se-á certamente lhe dar. Aí está o caminho seguro, Ele
dignou-se colocá-la nele, que seja bendito! Mostrou-lhe assim sua toda paterna predileção.
É o lugar de repouso em que
Ele mesmo coloca as almas melhor amadas.
Queira oferecer às pessoas queridas que a cercam meus
respeitos e todo o meu devotamento e aceitar também, Senhora, meus sentimentos
de viva e profunda simpatia em N.S.
Seu humilde servo e amigo
Le Prevost