A vocação sacerdotal
do Sr. Levassor se delinea. Casamento do amigo comum, Marziou. A saúde de Ed.
Guépin declina. Notícia das pobres visitadas pela conferência St-Sulpice.
23 setembro
de 1835
Meu muito querido amigo,
Você não podia causar-me alegria mais viva do que dando-me a notícia contida em
sua última carta. Você entregou a sua sorte às mãos de dois santos padres, é
admirável, meu amigo. Desse modo o sacrifício já está feito. Se, contra o meu
desejo, Deus não o aceitasse, não o levaria menos em conta e todo o seu
futuro, tenho certeza, seria por isso melhor, para o coração do Mestre. Dado
esse grande passo, sobra mais um ainda difícil de conseguir: a vontade talvez
contrária de sua família. Mas Deus ainda tem os corações em sua mão, estou em
paz, tudo será para melhor. Não esqueça, meu amigo, o vivo e terno interesse
que me inspira esse grande assunto e se algum incidente mais decisivo
sobrevier, não deixe de informar-me.
Fará amanhã 8 dias que nosso amigo Marziou deve ter-se engajado
em laços bem duráveis para um espírito tão móvel, bem fortes, para uma
alma tão terna. Pobre menino! Um belo sonho de amor, de doces alegrias no lar
passou diante de seus olhos, depressa quis captá-lo; mas passado o sonho, não
lhe sobrará nenhum pesar? Deus o ama, isso me consola. Ele estava lutando,
porém, durante sua estada aqui: conciliar a ardente piedade que tinha
experimentado com as alegrias mundanas o embaraçava um pouco, a piedade tinha
forçosamente diminuído, mas sobrava bastante para dar boa esperança a seus
amigos. Dois dias antes de seu casamento, ele me escrevia: “Oh! meu amigo, que
distância entre a sublimidade das funções que eu havia escolhido e o miserável
estado em que vou entrar”. Oremos muito por ele, meu caro amigo, ele o pediu e
está precisando. Há alguns meses, consagrou-se à Santa Virgem,
ao tomar o Santo escapulário, ela o guardará como seu filho; não contava muito
nesse dia (estava eu com ele na capela dos Carmos) que tão logo seria preciso
invocar por ele a ajuda de Nossa Santa Padroeira.
Tenho recebido
recentemente notícias de nosso pobre Ed. Guépin. Ele está sempre fraco, magro,
tossindo, sem dormir; é uma sombra e, no entanto, pobre menino! só fala de
futuro. Ele é sempre piedoso. Deus lhe pagará seus sofrimentos, creio que
agora não podem durar muito tempo.
Vou tratar de entregar nossos poucos recursos para o aluguel; mas sempre
faltam-me 27 francos e digo-o com pesar, meu amigo, não vejo meio nenhum de
provê-los. Avise. Dona Meslin pede para você se lembrar dela; tomou
corajosamente todas as providências para conseguir os 5 francos do escritório,
tem um certificado de idade, mas não sei se vão querer admiti-lo.
Adeus, meu caro amigo, recomendo-me sempre às suas orações; nenhum dia você
está esquecido nas minhas; invoque também por mim o venerável Sr. Lecomte.
Seu em J.C.
Le Prevost
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