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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 1701 - 1806 (1872 - 1874)
    • 1709 - à Sra. Marquesa de Houdetot
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1709 - à Sra. Marquesa de Houdetot

Conselhos de paciência e de piedade. Atitude para com o pessoal. Pêsames.

 

Chaville, 29 de maio de 1872

 

Senhora Marquesa,

 

Seu longo silêncio não me deixava sem inquietude. Tinha pedido várias vezes notícias suas a seu caro tio, pressentia que a Sra. não estava isenta de provações, embora estivesse liberada de muitas preocupações. A vida é portanto feita assim: após uma pena vem outra pena. Infelizmente, sim, nossa existência aqui em baixo é tecida de lutas e de tristezas. Tomo bem parte, é certo, nos diversos embaraços que reencontra no campo como na cidade, e peço a Deus para lhe conceder alguma folga em sua misericórdia. Peço-lhe, sobretudo, para aumentar suas graças de luz, de fortaleza e de constância, para que possa haurir nele todo o socorro de que necessita. Não vejo muito, com efeito, fora desse lado, um remédio seguro e eficaz às dificuldades numerosas que tem de sofrer diariamente, seja para o bem de seus caros filhos que, como mãe cristã, quer ver crescer em perfeição, seja para o descanso de sua boa mãe, que deseja cercar de respeito e de confiança, seja, enfim, do lado do pessoal de sua casa que o espírito do século estraga e torna tão pouco cristãos e tão pouco tratáveis. Todo esse conjunto constitui uma grande tarefa e, em certos aspectos, uma tarefa pesada. Somente Deus pôde dizer com verdade: “Vinde a mim, vós todos que estais carregados e que estais cansados, eu vos aliviarei, restaurarei vossas forças”. É, portanto, para Ele, cara Senhora, que é preciso voltar-se fielmente. Ele lhe dará, com a paciência, o conselho, a persistência, em uma palavra, esse socorro divino que tem em reserva para todas as nossas necessidades como para todas as nossas misérias. Fora dele, todos os socorros são ineficazes ou insuficientes. Ouso, portanto, convidá-la a não relaxar em nenhum de seus piedosos exercícios, embora possa lhe custar às vezes alguns sacrifícios, a comungar muitas vezes, a se preservar do espírito do mundo, que a invade em todo o lugar e que é hoje mais sutil, mais absorvente do que nunca.

 

No que concerne à conduta de seu pessoal, sei que junta a firmeza à bondade, que vela não somente por seu bem-estar, mas sobretudo por sua e seus costumes. Deve se resignar, além disso, a muito suportar de sua parte, pois, quase sem exceção, sua classe toda inteira está fora de seu caminho. Diz-se que muitos donos contribuíram muito para isso. Há, porém, ainda bons e fiéis empregados. Como os donos esclarecidos e cristãosestão em sua casa, espero que dignos empregados se encontrem, enfim, para a Sra. Confesso que são raros, mas é possível melhorar alguns dos que não estão absolutamente incorrigíveis e formar também alguns tomados nas boas fontes, em famílias cristãs ou em algumas Congregações que têm associações de empregadas cristãs. Em Paris, na rua Duguay-Trouin, as Pequenas Irmãs Servas de Maria têm uma associação de mais de mil empregadas ainda cristãs, que elas vigiam, colocam, acolhem em seus momentos de desemprego e de que cuidam em suas doenças. Fazem-lhes também seguir, em certas épocas, retiros especiais.

Tenho a confiança de que o ato de autoridade efetuado relativamente ao cocheiro insolente e desobediente será de um bom efeito para os demais.

 

Não peço desculpas pela liberdade com que lhe escrevo, Senhora Marquesa. Pediu-me meu sentimento e meus pareceres, exprimo-os francamente e com simplicidade cristã. Acho que posso presumir que serão levados a bem.

Achava mesmo que a morte de sua cara tia, Senhora Condessa de Caulaincourt, lhe causaria muita tristeza, porque fará falta a toda a família, e, sobretudo, porque deixa um grande vazio para meu excelente amigo, Sr. de Caulaincourt. Tive a consolação de me encontrar perto dele nessa dolorosa prova e um de nossos padres [Sr. Trousseau] acompanhou no Jardim os restos da que Deus chamou de volta para Si. Seu caro tio esteve muito desolado, mas igualmente bem resignado cristãmente. Deus lhe inspirou o pensamento de fazer um retiro logo na sua volta à Normandia. Espero que tenha encontrado um grande apaziguamento. Escrevi-lhe nestes dias, aguardo notícias dele.

 

Faço votos pelo restabelecimento da Senhora de Saint Maur. Deus abençoará os cuidados que lhe presta e a recompensará pela felicidade de seus filhos. Dará também à Sra. e à sua boa mãe a calma e a tranqüilidade que suas saúdes reclamam. Neste momento, todas as intenções de meus Santos Sacrifícios, fora de uma só, são, cada semana, consagradas à sua família tão respeitada por mim: três por sua cara tia, três outras por sua própria família.

 

Ficarei feliz se puder assim testemunhar-lhe todos os meus sentimentos de respeito e de devotamento em N.S.

 

                                                Le Prevost

 

 




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