P.S.
do Sr. Le Prevost
Vocação
do Sr. Boiry. O Sr. Le Prevost não se opõe a uma última experiência.
Chaville, 30 de novembro de [1872]
Meu
Reverendo Padre,
Não sou o
único a temer que a forma, talvez reservada demais, de minha carta precedente
tenha trazido alguma obscuridade sobre a natureza real de minhas disposições
interiores. Com prazer, sigo o conselho de ousar fornecer uma explicação.
É muito
real que, sem um convite exterior a voltar sobre a resolução que tinha
manifestado de deixar a Congregação, não teria tomado a iniciativa de dar de
novo um primeiro passo nessa direção. Tinha recusado a mim mesmo esse direito,
embora lamentando não tê-lo.
Os anos
decorridos não me deixavam em mãos garantia positiva alguma a lhe oferecer da
minha parte. Estava, de meu lado, sem motivos sérios para continuar andando
numa via onde a Providência me fizera entrar, ou, antes, os motivos que me
restavam não passavam de possibilidades, de esperanças, de um futuro incerto,
senão totalmente sem esperança.
A retidão e
a sinceridade me faziam um dever de não me contentar com isso, para responder à
expectativa da Congregação sobre mim. Essas razões não me pareciam suficientes
se não fossem trazidas e aceitas por sua única e própria iniciativa.
Por isso,
desde que esses motivos me foram apresentados, acedia a eles de bom grado. Não
bastava dizer que consentia em tudo o que pareceria possível no sentido da vida
religiosa, teria sido necessário escrever que eu o desejava.
Certamente,
não posso prejulgar nada sobre os resultados dessa última tentativa, dessa
experiência suprema. Mas seria para minha alma uma grande consolação procurar
colocar nisso todo o esforço de minha vontade, na idade em que tem, em cada
indivíduo, o máximo de energia. Se Deus não marcou meu lugar na Congregação,
antes da metade do ano terei sucumbido na luta. Mas, ao menos, poderei me
prestar o testemunho de não ter omitido nada para cumprir a ordem de Deus. E
meu futuro, fora da Congregação, será cheio de esperança, senão no temporal, ao
menos no espiritual.
Essa graça,
que sou autorizado a solicitar, a peço ao Sr. com insistência e em toda humildade.
Receba, meu
Reverendo Padre, os protestos de meu mais profundo respeito.
Seu muito
humilde e muito obediente servo
E. Boiry
Meu
caríssimo amigo e filho em N.S.,
Acrescento duas
palavras a esta missiva, segundo o desejo que me manifesta o Sr. Boiry.
Ficou
vivamente entristecido por sua resposta, que não correspondeu à sua
expectativa. Tinha uma sincera vontade de permanecer na Congregação e escreveu
para exprimir isso, mas seu pensamento, que não enuncia sempre com simplicidade
e clareza, foi, parece, mal traduzido. O colóquio que tive com ele me deixa bem
convencido de que tal é realmente seu anseio. As observações do Sr. Lantiez só
fizeram confirmá-lo. Seu estado de alma habitual me parece ser uma mistura
estranha de orgulho e de desconfiança de si mesmo.
Perguntei
ontem ao R.P. Pittar seu parecer, para lhe dizer. Inclinava para a saída do Sr.
Boiry, supondo sua vontade hesitante e mal firmada, mas acredita que pode ser
mantido se sua vontade é cordial e espontânea. Parece-me ser verdadeiramente
assim, pois a retidão e a sinceridade são, no Sr. Boiry, qualidades verificadas
pela experiência. Reconhece que, no mundo, ficaria isolado e cercado de
perigos. O pensamento de não ser, entre nós, nem estimado, nem compreendido, me
parece tê-lo levado ao desânimo sobre sua vocação. Se fosse sustentado e um
pouco afeiçoado, penso que andaria bem e prestaria serviços reais. Ele está
decidido, se for colocado no Noviciado, a seguir exatamente todos os seus
exercícios e a desempenhar tais funções que lhe serão dadas. O R.P. Pittar acha
que encontraria assim a ocasião de tomar, sobre a vida religiosa,
posições nítidas e precisas, melhor do que nunca pôde fazer até agora. A
meu ver, poderia vantajosamente ser feita essa experiência. Com efeito, o Sr.
Boiry, por seus sentimentos e sua inteligência, não é dos menores entre nós e
não tem nada no caráter que o torne incômodo para os que o cercam.
Escrevo com
uma dificuldade extrema, sem ordem nem configuração, porque minha cabeça está
afogada nos vapores úmidos que parecem invadir decididamente nosso país. Que
Deus nos preserve das inundações e do transbordamento bem mais triste que
parece ameaçar também o mundo moral.
Tudo vai
aqui de modo razoável. O Sr. Poudroux está doente há alguns dias, acho que é
acidental. Para o resto, o Sr. Chaverot o mantém ao par.
Seu todo
afeiçoado amigo e Pai
Le Prevost
Boas lembranças
a nossos irmãos e aos amigos.