Índice | Palavras: Alfabética - Freqüência - Invertidas - Tamanho - Estatísticas | Ajuda | Biblioteca IntraText
Jean-Léon Le Prevost
Cartas

IntraText CT - Texto

  • Cartas 1701 - 1806 (1872 - 1874)
    • 1726 - à Sra. Marquesa de Houdetot
Precedente - Sucessivo

Clicar aqui para desativar os links de concordâncias

1726 - à Sra. Marquesa de Houdetot

Busca de uma pensão em Paris. Dificuldades da vida de família. Novo impulso da França cristã em 1872. Proteção de Deus sobre nossas obras.

 

Chaville, 4 de dezembro de 1872

 

Senhora Marquesa,

 

Fica muito mal para mim deixar vários dias sem resposta a boa e confiante carta que me fez a honra de me escrever no fim do mês passado (não quero procurar a data, por medo de confusão para mim). Não é que me tenha faltado o bom desejo de ser diligente, mas o andar é tão lento na minha idade que se chega atrasado muitas vezes. Confio em sua indulgência, Senhora, sempre tão amável para comigo.

 

Acolho com grande alegria a esperança de revê-la neste inverno em Paris, assim como a Senhora sua mãe e seus três filhos. Desejo especialmente ser apresentado à Senhorita Marie de Houdetot, ficarei muito lisonjeado se obtiver algum de seus graciosos sorrisos

 

procurei em diversas direções alguma morada digna onde possa encontrar repouso e, ao mesmo tempo, um pouco de sociedade aceitável. A coisa não me parece sem dificuldade, no ponto de vista, sobretudo, da companhia, bem raramente escolhida como se desejaria numa casa mais ou menos acessível a cada um. As casas religiosas são as mais dignas e as mais convenientes, mas são, ou afastadas do centro das relações, ou reservadas às damas que tomam ali uma residência constante como pensionistas ou inquilinos. Todavia, Paris tem tantos recursos em todo tipo de coisas que sempre se tem chance de encontrar o que se deseja. Continuarei minhas buscas. A solidão em que a deixam a ausência de seus caros filhos e o afastamento da Senhora de Saint Maur seria um pouco severa e monótona, se fosse se prolongar muito. O campo não é muito agradável no inverno sem uma companhia de família um pouco numerosa. Mesmo assim, é preciso que seja íntima e simpática. Logo que há constrangimento, reserva, cerimônia, cessam o desembaraço e a expansão, a sociedade se torna um embaraço, um verdadeiro fardo. A civilidade, o hábito do mundo, o respeito humano dão força para se controlar, mas não é sem sofrimento e sem gemido. Seria melhor, sem dúvida, tomar apoio num sentimento puramente cristão: paciência, submissão, penitência, caridade. A alma encontraria nisso doçura e consolação ao mesmo tempo que amargura, e esta última se tornaria pouco sensível. Mas uma virtude tão elevada não se adquire em um dia, não devemos, portanto, estranhar nem desanimar quando ainda não estamos no cume. Tendamos somente a isso, entendendo que o lindo, o perfeitoestá e, com a ajuda da graça, chegaremos lá por fim. Confiança, perseverança, oração, tudo se obtém assim.

 

Como a Senhora, tenho boa esperança. Vendo que nossa França volta a rezar, a rezar em grandes assembléias, como convém nas calamidades públicas. Quando todos pecaram, é preciso que todo o mundo expie e se humilhe e, já que o escândalo foi geral, a reparação deve também se fazer a céu aberto. É o mérito e o sentido das peregrinações. Por isso, instintivamente ou, antes, por inspiração da graça e apelo da Santa Virgem, as populações comovidas se puseram a caminhar para os santuários abençoados de Deus, para cantarem seus louvores, professarem altamente sua e pedirem misericórdia. A misericórdia responderá, sofreremos ainda talvez, mas, após a provação, a consolação virá.

 

Agradeço-lhe por sua bondosa lembrança para com nossas obras. Deus digna-se abençoá-las sempre, mantiveram-se no meio das dificuldades e tendem a aumentar em vez de diminuir. Há, em todas as épocas, misérias a aliviar, fraquezas a apoiar, ignorâncias a iluminar. Deus fornece sempre meios, recursos para essas necessidades, Ele os confia à sua Igreja que, sob formas diversas, os aplica em seu nome. Esses socorros nunca se esgotarão, enquanto houver cristãos a gritar para o Céu: Pai Nosso, que estais nos Céus. Por que não se entende sempre esse poder da oração para tudo obter, a força da para unir as almas, a doçura da caridade que abranda os males e torna a dar a confiança? Bendigo a Deus com a Senhora, Ele que deu abundantemente esses bens preciosos à Senhora, à sua boa mãe, quase a todos os outros. Rezo com a Sra. fielmente pelos menos adiantados. Sua hora virá, esperemos, já que, neles, o coraçãoestá do bom lado.

 

Queira, Senhora Marquesa, aceitar com a Senhora sua mãe todos os meus sentimentos de profundo respeito e de devotamento em Nosso Senhor.

                                               Le Prevost

 

 




Precedente - Sucessivo

Índice | Palavras: Alfabética - Freqüência - Invertidas - Tamanho - Estatísticas | Ajuda | Biblioteca IntraText

Best viewed with any browser at 800x600 or 768x1024 on Tablet PC
IntraText® (V89) - Some rights reserved by EuloTech SRL - 1996-2008. Content in this page is licensed under a Creative Commons License