Para
evitar que a propriedade de Chaville sofra irreparáveis prejuízos. (rascunho de
carta de uma data muito incerta).
[1872]
Senhor,
Fez-me a honra de me informar, por sua carta do dia 19
deste mês, que a administração da Estrada de Ferro do Oeste, estrada de
Versailles, teria a intenção de mandar cortar as plantações que demarcam a
linha nas escarpas, de modo a não ultrapassarem a altura de um metro acima do
trilho.
Essa medida, que atingiria nossa propriedade de
Chaville (14, rue de l’Eglise) em todo seu cumprimento, causaria um prejuízo
tal, que o imóvel perderia um terço de seu valor, nos deixaria absolutamente a
descoberto contra as vistas dominantes dos trens que circulam sem cessar na
elevação e retiraria ao imóvel o único encanto que tenha realmente: a solidão e
o abrigo que é possível encontrar ali, fora, ainda, das destruições de um
aspecto absolutamente desfigurado... No parecer de todos, o imóvel perderia uma
metade, se não for mais, de seu valor.
Essa consideração tinha sido entendida na origem,
quando a propriedade foi cortada em duas partes pelo estabelecimento da estrada
e, além da indenização que foi concedida ao Sr. X..., então proprietário do
dito imóvel, a autorização lhe foi concedida de plantar a escarpa para
abrigá-la contra os olhares por demais importunos nesse ponto.
A administração benévola e, aliás, interessada em que
as propriedades que ladeiam sua linha sejam menos freqüentadas, manteve
constantemente, há 30 anos (se não me engano) esse privilégio.
Ouso, portanto, esperar, Senhor, que a administração
não nos imporá a obrigação em questão, tão desastrosa.
Os Prussianos, que ocuparam nossa morada durante 6
meses, causaram irreparáveis devastações (pelas quais não tivemos nenhuma
indenização até agora). Se o detrimento novo que nos ameaça nos atingisse,
seria o cúmulo de sua ruína.