O
uso de se apresentar votos de feliz ano novo não é uma formalidade vã. Em que
consiste o tesouro da perfeita doação a Deus. A missa do galo em Chaville.
Chaville, 30 de dezembro de 1872
Meu caríssimo amigo e filho em N.S.,
Agradeço-lhe, assim como a nossos irmãos belgas, por
seus bons votos de festa e do ano novo. Essa lembrança amável, da parte de
todos vocês, me foi muito doce. Não importa o que se comenta às vezes a
respeito, esse uso dos votos, repetido a cada ano, não é vazio nem de sentido
nem de sentimento verdadeiro. Sua persistência o prova claramente, aliás. Há
muito tempo teria caducado, se não fosse a satisfação de um instinto e de uma
necessidade bem reais.
Fico informado, com uma viva satisfação, de que está tomando
sucessivamente posse dos ministérios espirituais, sem os quais o padre não tem
a plenitude de sua ação e a consolação que o divino Senhor lhes ligou. Juntando
a isso o contentamento interior que a vida religiosa, a regra, os piedosos
exercícios comportam, terá todos os bens que uma consagração inteira a Deus
pode procurar. Não percamos nada dessas preciosas vantagens, pois, nas vistas
da Sabedoria eterna, não são para nós apenas, e devem também concorrer para a
salvação de muitos, pelos frutos de nossas obras e nossos sacrifícios.
Tudo vai bastante bem aqui e no conjunto da
Congregação. Um novo irmão eclesiástico deve chegar da Bretanha no fim de
janeiro. Veio passar alguns dias em Vaugirard, acho que nos convirá. O Sr.
Boiry está no Noviciado, em Vaugirard, e parece estar bem disposto. O pessoal
de Chaville se acha assim ainda diminuído.
A festa do Natal se passou bem para nós. O Sr. Baumert
veio cantar a missa do galo. Infelizmente, em decorrência de circunstâncias não
combinadas, tudo o que, em Chaville, assiste à missa do galo se dirigiu para
nossa capela que tinha 60 pessoas, enquanto na paróquia, duas mulheres e três
crianças se acharam ali sozinhas. As Irmãs, por sua vez, sem nenhum anúncio,
tiveram um padre somente para elas. O Sr. Pároco [padre Metcalfe] ficou muito
contrariado por seu isolamento e apareceu quase ameaçador frente a seus
paroquianos na missa do dia. Mas acho que se acalmará ao ver claramente
que ninguém quis lhe causar aflição alguma.
A festa de São João foi amável, com muitos convidados
reunidos, lindos ofícios, todo o mundo satisfeito.
Adeus, meu caríssimo amigo, ponha-me a par, ao menos in
globo, de tudo o que os interessa, você, seus irmãos e suas obras. Meu
coração não envelheceu e lhes guarda a todos a mais terna afeição. Mando-lhes
de longe a bênção que teria sido feliz em dar-lhes aqui. O divino Senhor a fará
chegar até vocês.
Seu amigo e Pai
Le Prevost