Exame
de uma vocação para um jovem.
Chaville, 16 de fevereiro de 1873
Meu caríssimo amigo e filho em N.S.,
Vi o jovem Ménard, que encaminhou para mim ontem, e
conversei bastante tempo com ele. Fiquei contente com o resultado desse exame.
Encontrei nele (Ménard) simplicidade e retidão. Fala modestamente de si, o
caráter parece também ser satisfatório. Quando lhe perguntei o que desejaria
ganhar, se fosse tomado como doméstico, “Ah! respondeu, não estou agarrado a
isso, o que quiser será bem, desejo uma só coisa: estar numa casa religiosa, se
não, não ficarei em Paris”. Interrogado sobre o motivo por não ter ficado em Saint Jean de Dieu,
respondeu: “Tinha entrado ali de grande coração e tocado pela dedicação dos
Irmãos por seus doentes. Mas sou ainda um pouco jovem de caráter, a falta de
vida comum e, para tudo confessar, também de recreio (os Irmãos sendo
constantemente retidos por suas funções) me jogou no desânimo e na saudade.
Senti aversão para tudo e desejei me retirar”. Como lhe aconselhava, antes de
se pôr na condição de doméstico, experimentar alguma outra Congregação, para
não se fechar a volta à sua primitiva vocação que parecia ter sido sincera,
respondeu: “Não tenho rejeição alguma por esses deveres ou práticas do estado
religioso, mas desconfio de mim por não ter sabido perseverar nos Irmãos de
Saint Jean de Dieu”.
Fi-lo almoçar em Chaville e o segurei o tempo
suficiente para o Sr. Paillé poder, de minha parte, ir consultar os Irmãos de
Saint Jean de Dieu. A sua opinião sobre ele é muito boa. É ainda pouco formado
para as obras, mas é muito dócil, não lhe falta inteligência e faria bem,
se adquirisse alguma experiência. Os Irmãos pensam sinceramente tudo o que
escreveram de vantajoso sobre ele; os meninos tiveram muita saudade dele.
Arrisquei-me a dizer-lhe algumas palavras sobre os
trabalhos e obras que estão em nossa vocação. Respondeu-me que consideraria
como uma graça de Deus que lhe fosse permitido fazer uma experiência em nosso
grupo como aspirante.
Verá se não teria resistência em tentar essa
experiência e, em caso afirmativo, em que acharia bom que fizesse essa
tentativa, você teria, então, a bondade de lhe dizer o lugar onde deve trazer
seus pertences que ficaram, acho, em Saint Jean de Deus.
É sapateiro admissível. Se tivesse de lhe fazer passar
algum tempo em Chaville, teria como se ocupar ali. Não estou pedindo nada nesse
sentido porém, e acrescento essa observação apenas como informação.
Seu todo devotado amigo e Pai em N.S.
Le Prevost
Duvido um pouco que esse jovem Ménard seja bem próprio
para os trabalhos pesados e que fosse precisamente um substituto para Nicolais.
Este último me pediu, ontem, que fosse determinada uma importância que serviria
para sua manutenção. Seria uma ocasião para convidá-lo a se instalar em outro
lugar, mas não o conseguirá sozinho e não deveríamos, como cristãos, deixá-lo
em maus lençóis. Poderia ajudá-lo a encontrar alguma condição de vida?
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