Projeto
de veraneio. Detalhes sobre a vida em Chaville. Fraqueza
de saúde. Sobre o movimento renascente das peregrinações na França.
Chaville, 23 de junho de 1873
Caríssimas amigas,
Tinha pensado que minha pequena viagem a Duclair
poderia efetuar-se pelo dia 22 deste mês, mas surgiram diversos obstáculos,
provindos de nossos trabalhos ou afazeres habituais, que me obrigarão a ficar
aqui até os primeiros dias de julho. Por outro lado, o calor excessivo, que se
manifestou de repente, me causou alguns mal-estares de saúde que me teriam
tornado bem difícil o cansaço da estrada. Vou indo e continuo ainda um pouco
ativo, apesar de minha fraqueza habitual e meus velhos anos, mas com a condição
de escolher o tempo e os dias favoráveis. Se, por esse motivo ou por qualquer
outro desse gênero, não tivesse impedimento, faria o propósito de partir no dia
7 de julho (segunda-feira) para ficar perto de vocês até quinta-feira, dia 17.
Seria um dia a menos do que no ano passado, mas a festa de São Vicente de
Paulo, que se faz para todo o nosso mundo no sábado 19 e que reúne em Chaville
300 pessoas (incluindo nossas 200 crianças), não me permitiria adiar mais minha
volta. Minha ausência nessa época (até o dia 17) nem seria sem notável
inconveniente, pois, para preparar uma reunião tão numerosa e que dura o dia
todo, para pôr boa ordem na casa e suas dependências, há tanto mais para ser
feito que nosso pessoal aqui é muito insuficiente. Talvez fosse melhor adiar
minha saída até o fim de julho. Mesmo assim, sua realização nesse momento
estaria totalmente dependendo de meu estado de saúde, se os grandes calores
fossem continuar. Tenham a certeza absoluta, caras amigas, de que não há
nenhuma hesitação em minha vontade de lhes fazer uma visita. Minha movimentação
é somente dificultada, como estão vendo, por diversas circunstâncias e pela
insuficiência de minhas forças. Este último ponto será, sobretudo, decisivo e
me fará escolher de preferência o momento em que estarei o menos mal disposto.
Se puder preveni-las um pouco de antemão, o farei certamente. Hoje, ainda sob a
influência do mal-estar que os temporais me causaram, fico sem ver nitidamente
a data precisa de minha viagem. Verão, de resto, por essas longas explicações,
em que, no fim, nem vocês nem eu estamos, em seguida, melhor esclarecidos do
que antes. Esperemos que alguns dias de prazo nos dêem mais luz. Poderiam, de
seu lado, contribuir para tanto, dizendo-me em que momento minha viagem lhes
seria mais conveniente, pois importa muito que combine com suas próprias
disposições.
Não vejo muitos fatos notáveis a lhes comunicar.
Nossos trabalhos e atividades são mais ou menos os mesmos. As leis de
alistamento militar se tornam ameaçadoras para alguns de nossos jovens. Acabam
de nos arrancar violentamente um que não se considerava obrigado a partir e que
foi punido por ter retardado demais [Ir. Briscul]. O bem, hoje em dia, não se
faz sem grandes dificuldades. Mas, quanto mais rude for o caminho, tanto mais
suave será o repouso no fim da viagem.
Nossa Normandia, pouco inflamável por natureza, está
entrando um pouco no entusiasmo das peregrinações? Têm, a seu redor, pessoas
que foram? Aguardam-se bons resultados do ardor religioso que despertaram. Era
a convicção de todos os cristãos de que não se sairia das crises dolorosas em
que a França se encontrou, sem recorrer aos meios de fé. Esperemos, já que se
rezou muito e com ardor. O Governo atual parece também mais disposto do que o
precedente a manter a ordem e a favorecer o bem.
Adeus, caríssimas amigas, acreditem que, no meio de
todas as mutações diversas, uma coisa permanece invariável, é minha constante e
viva afeição por vocês.
Seu todo devotado irmão e tio
Le Prevost