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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 1 - 100 (1827 - 1843)
    • 49 - ao Sr. Pavie
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49 - ao Sr. Pavie

O Sr. Le Prevost graças pela felicidade de que goza seu amigo. Ele se como um “pobre vaso quebrado”. Notícias de Montalembert e de Lamennais.

 

8 de outubro de 1835

 

            Deixar quinze dias inteiros sem responder a uma carta tão terna, tão afetuosa como a sua, caro amigo, é me mostrar bem pouco digno dela; mas não é mal, neste sentido, que minha insuficiência testemunha assim contra os exageros de sua amizade e me traz de volta ao meu verdadeiro lugar: ganharemos com isso nós dois, você, vendo mais exatamente, eu, sendo avaliado como valho. Faço reserva, claro, para sua confiança em minha dedicação a você e aos seus; nesse ponto, caro Victor, pode dar largas a seus sentimentos, há espaço; para frente sempre e mais ainda, não vai chegar ao fim.

 

            Senti isso, sobretudo nesses últimos tempos, a respeito da felicidade que lhe aconteceu de tantos lados ao mesmo tempo. Provei essa felicidade como minha. Saboreei-a aqui em paz, e o eco desse sentimento73 de sua vida, essa influência de sua estrela sobre a minha não mudou; possa esse paralelismo durar até o fim, o mistério da reversibilidade não terá sido sem frutos para mim.

 

            Você me parece bem consciente, caro amigo, do grande dom que o Céu lhe fez. Graças lhe sejam dadas por isso. Era meu grande, meu mais caro desejo nessa hora solene, que ela fosse abençoada por Deus e que ele o mantivesse sob sua mão; passada essa prova, pode-se dizer com confiança, sua vida inteira terá sido unificada, você a trará de volta sem brecha nem racha ao Soberano Criador. A linda obra, amigo, é uma vida assim cheia; como invejo a sua, ou antes, como amo a meu Deus por tê-la assim feito para você! Como as obras de arte e as maravilhas do gênio são pálidas e frágeis perto desta radiosa criação! E você quer que eu o aconselhe, caro amigo, eu, pobre vaso quebrado, em pedaços e fragmentos. Compare, amigo, e tire você mesmo o conselho. Que o fim corresponda ao início. Tudo será bem, nobre e belo! Deus será satisfeito!

 

            Continue, querido Victor, a me fazer um pequeno lugar em seu lar, a pôr às vezes minha lembrança entre sua Louise e você, sinto-me tão feliz assim; você é rico, seja hospitaleiro; como o pobre, assim eu, ao receber essa esmola, direi: Deus lhe pague! Que lho retribua, sim, em doce paz, em amor por sua Louise, em amor por aqueles que nascerem dela, em amor por todos, os de perto e os de longe; só isso é necessário e bom, isso só é digno de você. Não se apavore demais com alguns desgostos inevitáveis numa união íntima e constante, isso passa. O fundo permanece quando é bom, os ímpetos demasiadamente salientes se apagam com o tempo, e mesmo o trabalho por isso ocasionado é valorizado.

 

            Tenho poucas notícias a dar-lhe de nossos amigos. O Sr. de Montalembert ainda está viajando até o inverno. Ele sonha muito em se casar; tem uma grande carreira a correr, ele o conseguirá, espero. A vontade anda nele com um ardor um pouco exagerado, é riqueza exuberante e acho que não há nada a recear.

 

            O Sr. Lacordaire deixou seu retiro da Visitação para estudo mais livre, dizem, lamento isso. Havia tanta calma e paz nesse convento de pobres religiosas, seu desapego era de um tão bom conselho, mas o Sr. Lacordaire terá feito para o mellhor. Ele é sempre piedoso e humilde, como você sabe. Na quaresma retomará sua cátedra. Ouvi-lo-emos de novo.

 

            Eis tudo o que sei: as coisas andam e acontecem por aqui; mas providencialmente e sem que os homens pareçam ter grande parte nelas; é tanto mais lindo, só que se nota menos. É como um tipo de parábola viva, os que têm ouvidos ouvem, os outros, não!

 

            Mil ternuras ao pobre Edouard, eu lhe escrevi há pouco tempo. Tentava timidamente voltar seus olhos para seu verdadeiro futuro. Tive medo de ter feito demais ou demasiadamente pouco; de longe e estando ausente, essas coisas se efetuam mal. Acompanhe-o, até o fim.

 

     Lembrança também a M. Ele vai indo bem, se não é para já, ao menos daqui um certo tempo, ele será dos nossos; sua afeição por você lhe é um grande apoio. Seu nome pronunciado lhe ergue o moral bem alto. Isso me esperança.

 

            Não sei qual expressão assaz respeitosa e assaz terna encontrar para sua bem-amada mulher. Procure por mim, amigo e fale, pronuncio palavra por palavra após você.

            Adeus. Seu irmão e amigo

 

                                               Le Prevost

 

            Seu bom, ótimo pai e Théodore também: não me esqueça perto deles. Recomendo-lhe um lindíssimo livro: La douloureuse Passsion de N.S. J.C. traduzido do alemão pelo Sr. Cazalès.

 





73 Em francês, no texto original, se ce ressentiment de votre vie”, mas não é no sentido de “rancor”, é no sentido de “boa influência”, de “sentimento experimentado em repercussão”.





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