O Sr. Le Prevost o
estimula em sua vocação. Vê nas provações e nos obstáculos um sinal de bênçãos
divinas; a vocação é uma “feliz troca”. Tristeza de seu amigo comum, Lambert,
que entra no Seminário. Para sua futura incardinação, que seu amigo se abandone
à Providência.
Paris, 7 de
outubro de 1836
Não cheguei até o fim de sua carta, meu caro amigo, sem agradecer a Deus, em
toda a efusão de minha alma, pelas grandes graças que lhe fez. Como você lhe
pertence mesmo, e como Ele o queria fortemente! Sua conduta para com você é
divinamente providencial, cheia de uma economia maravilhosa e de uma misericórdia
toda admirável. As rudes provações que você acaba de atravessar são o mais
seguro testemunho de sua vocação; não vi nenhuma, em tudo o que me cerca, real
e bem certa, que não tivesse sido também fortemente provada; é o crivo do
Senhor. Felizes aqueles que, como você, meu amigo, ficam no meio da boa
semente! Não tenha, pois, nenhuma inquietação a respeito de sua perturbação, de
sua emoção, do último olhar que deita sobre o mundo; quando se vai deixá-lo,
por miserável que seja, achamo-lo lindo, esquecemos o mal que ele nos fez e que
quereria nos fazer ainda. Isso é natural e inevitável, ouso até dizer que isso
está dentro da ordem de Deus e segundo seu coração. Como Ele provou sua
firmeza, sua fé pelas dificuldades, Ele prova seu amor e seu desejo pelos
sacrifícios que você parece fazer-lhe. Sim, que você “parece” fazer, uma
simples aparência de sacrifício, pois você troca o nada pela vida, o erro
pela verdade, as paixões vazias pelo amor. Feliz troca, meu amigo, da qual Deus
permite que, nesta hora, todo o preço lhe escape, a fim de que tenha o mérito
de dar quando é Ele que, realmente, lhe dá. Como Deus é bom, meu amigo, e como
Ele o amou! Ainda me lembro disso e quero ainda agradecer-lhe por você. Isso me
emociona até as lágrimas, de tanta suavidade que vejo em seus procedimentos, de
tantas promessas para o futuro que vejo também em seus benefícios atuais. Sim,
Ele tem grandes desígnios sobre você, se não para fazer aos olhos do mundo
grandes obras (isso é seu segredo), ao menos para santificá-lo altamente, se
você perseverar na humildade e na mansidão, dons que Ele lhe tem feito e que
Ele lhe deixa para cultivar. Devo esquecer, no meio desses graves
acontecimentos, a tristeza que me causa humanamente sua perda. Tinha contado
com sua estada aqui e, vou dizer-lhe, fui duramente golpeado ao saber que Deus
queria diferente.
Na noite de sua vinda para cá, eu ia apressadamente à casa de Dona Delatre que
me informou da decisão. Que a santa vontade do Senhor seja feita, a cada um sua
parte de sacrifício. Houve também um pouco disso nesse caso para nosso amigo, o
Sr. Lambert, recentemente de volta e que, entrando segunda-feira em São Sulpício,
esperava andar lado a lado com você.
Pobre jovem, apesar da firmeza de sua vocação, neste último momento, ele está,
como você, um pouco triste e abatido; sua vida doce, sua liberdade, seus
amigos, tudo isso lhe arrancava ontem algumas lágrimas. A mão de Deus as
enxugará. Ele pagará tudo aquilo que tira, e ao cêntuplo. Ele o prometeu, e sua
palavra não engana. A mim também, meu caro amigo, Ele terá que me pagar essas
duas almas bem-amadas que Ele me tinha dado como apoio e consolação e que Ele
me pede de volta agora; não as recusei, Ele o sabe. Ore a Ele para que se
lembre disso e que seu amor me dê a recompensa correspondente!
Vi o seu amigo Courbe, como você o desejava, e sem demora alguma; você tem sua
resposta e todas as suas malas e pacotes se foram; não tenho, portanto, nada a
acrescentar sobre esse ponto. O Sr. de Mollevaux quer que você se dê sem
restrição à diocese de Chartres e, sobretudo, que jogue no seio de Deus toda
preocupação e toda inquietação de futuro. Afirma que o Senhor, que tão
providencialmente o conduziu, agirá ainda da mesma forma doravante, e que, se o
desejasse em outro lugar, seus laços com a diocese de Chartres não teriam força
alguma contra a mão dele. Vá, portanto, em paz, meu querido irmão, aonde Deus o
conduz, que sua graça o guie, que sua luz o ilumine e que Ele o aqueça em seu
amor, é o que, cada dia, meus votos e minhas preces vão pedir-lhe por você.
Seu irmão em J.C.
Le Prevost
Resolverei o negócio dos aluguéis, sentiremos ainda falta da conferência
ausente neste momento; darei um jeito para esta vez. Verei o Sr. Aniche e lhe
prestarei conta do resultado.
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