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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 1 - 100 (1827 - 1843)
    • 66 - ao Sr. Pavie
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66 - ao Sr. Pavie

Seu estado de saúde, sempre inferior à tarefa que seu zelo quereria empreender. Diante do bem a fazer, o pensamento de sua insuficiência o persegue: “não estou em proporção justa com essa enorme cidade”.

 

17 de novembro de 1836

 

            Morto, doente ou adormecido, de qualquer jeito, você desanima comigo, sem dúvida, meu querido Victor. Sua indulgente amizade não terá agüentado desta vez, deve estar desconcertado. Tem motivo para tanto, confesso. No entanto, eu estava vigiando, pensava em você e o amava sempre. Por que este obstinado silêncio? Não saberia dizer com exatidão. Estou tantas vezes tão mal disposto, quanto ao corpo, que o espírito carece de instrumento. É guerra e luta perpétua entre um e outro. No meio de tudo isso, minha vida se desgasta e vai passando sem proveito nem resultado para mim, nem para os outros. A submissão passiva é o único mérito possível, e não a tenho sempre. Perdoe-me, portanto, meu querido amigo, na verdade, meu coração não tem culpa alguma. Sempre sou seu, sempre discípulo e irmão para você. Se digo isso a Deus mais do que a você, é que ele estápertinho e você está longe. Possa ele lho redizer e me guardar em união com você.

            Ao ouvir-me, você me acharia impotente, andando de cadeira de roda, rabugento e sempre a cuspir; não, não é isso. Estou somente fraco de corpo e de espírito, não estou em proporção justa com esta enorme cidade, com esta prodigiosa atividade, esta animação poderosa que ela, no entanto, exige. Estou sempre atrasado, sempre com falta de tempo, de fôlego, de pensamento, de vida em uma palavra. Tenho dela uma centelha, quando seria preciso uma fornalha. Conclusão: indulgência e perdão, meu irmão Victor, amizade mesmo assim e paz constante entre nós.

            Sonho às vezes que deveríamos ter trocado, você e eu, de lugar; convinha tão bem a você, com  suas incansáveis pernas e seu ardor eterno, andar a passos largos nas ruas pavimentadas, na mesma hora cumprindo cem deveres e servindo cem amigos, dando conta de tudo, estando à altura da situação; e eu, a vida rotineira e monótona de uma pequena cidade ficaria bem para mim! Mas penso também nisto, a gente pode apoiar-se em você para tudo remexer, fazer dançar a rotina e levar as pessoas a adotar seu ritmo. É assim, meu caro amigo? Tem organizado aí sua vida à sua moda, ou antes o quebraram e domaram? Uma carta que me mostrou Gavard a resposta. Você é o Victor de outrora sem nada a menos. Tanto melhor, amigo, pois o coração também é o mesmo com certeza. Tudo está bem enquanto está assim.

            Far-me-á grande bem ter uma carta sua a mim endereçada, toda fresquinha e de nova data. Por minha culpa, não tenho mais outras a não ser antigas e, embora todas estejam guardadas com respeito, não as releioVocê me deu sua aversão  a esse respeito. Não gosto muito de tomar a vida de . Faça-me logo, portanto, uma epístola onde o reencontre, isso me rejuvenescerá e me recolocará firme nos pés. Não esqueça, na sua carta, de fazer grande a parte dedicada à sua bem-amada esposa; parece-me que ela estava outrora implicitamente em você, e que, por isso, ela é por mim conhecida e amada, como se nunca tivesse sido diferente. Théodore, o que ele faz? Não vai voltar logo para você? Não sei o que quer a ele minha mulher, ela pede por ele todos os dias. Insista um pouco para que parta. O Caldeu, o Siríaco e o Armeniano, e não sei quantos outros, o reclamam também e eu igualmente, embora indigno e inferior. Afeições a ele, a Maillard, Cosnier e todos, pois todo angevino, sabe, de perto ou de longe, é sempre um pouco parente comigo.

            Adeus, meu caro Victor, acima de tudo, respeito a seu bom pai e viva afeição à sua querida esposa.

            Todo seu de coração.

                                               Le Prevost




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