Falecimento do Sr.
Levassor, pai. Como seu amigo, “eleito do Senhor”, deve suportar sua provação.
Visita dos pobres. Perseverança dos seminaristas.
12 de abril
de 1837
Meu muito querido Amigo,
A parte tão grande como sincera que tomei nas suas penas lhe estava tão
certamente adquirida que não havia grande necessidade de lho dizer por escrito;
não teria deixado de fazê-lo, todavia, se algumas ocupações e uns embaraços não
me tivessem impedido. Faz bem, nessas tristes circunstâncias, ouvir gente a
repetir o que já se sabe; é doce também e consolador estar cercado então de
todas as afeições que sobram, a fim de sentir menos o vazio das que acabam de
ser perdidas. Por isso, eu estava de coração junto a você, bem pode acreditar,
meu caro irmão; pelo pensamento seguia todos os seus passos; via as cenas
dolorosas que você havia de atravessar, os cuidados, os deveres que
deviam sobrecarregá-lo; eu o lastimava e orava por você; Mas não esquecia, ao
mesmo tempo, que você é o eleito do Senhor, o filho bem-amado da Mãe de Deus; ambos
o guardarão, dizia a mim mesmo, aliviarão sua pena e suportarão com ele o
fardo. Apresse-se, conjuro-o, meu caro amigo, de me certificar que não me
enganei; que você, nesses dias de amargura, recebeu a visita do Senhor, que sua
ajuda lhe foi presente assim como aos seus, e que essas dolorosas provações
foram para sua divina misericórdia como que um pretexto para novas graças, para
dons mais abundantes. Há também outros detalhes, que me será precioso conhecer,
a respeito dos últimos dias e do fim de seu bem-amado pai. Agrada-me imaginar,
de antemão, todas as coisas no sentido mais feliz, mas gostaria, porém, meu
caro amigo, de que você confirmasse minhas esperanças. Não poupei minhas fracas
orações, e antes, para obter que seu fim fosse santificado, e depois, para que
o fim de toda a nossa vida fosse conseguido, quer dizer para que a paz, o
descanso, a união eterna com Deus fosse adquirida para a alma que lhe foi aqui
em baixo tão querida.
Enfim, meu querido amigo, desejo ardentemente saber que esse doloroso
acontecimento não terá nada que possa contrariar sua carreira, que você a quer
seguir como Deus também o quer, penso eu, sem que os acontecimentos humanos,
por graves que sejam por outro lado, possam desviá-lo dela. Não demore,
peço-lhe ainda, meu caro amigo, em satisfazer, em todos esses pontos, minha
solicitude de amigo e de irmão. Ficarei verdadeiramente agradecido a você por
isso.
Não quero acabar sem dizer-lhe algumas palavras a respeito de suas boas
senhoras. É sempre a mesma posição, os mesmos sofrimentos, as mesmas
necessidades, e a mesma instância também à sua caridade. Espera-se, com
impaciência, uma carta de você. Nossos amigos são também mais ou menos tais
como os deixou; nossa pequena sociedade se mantém bastante bem. Reze por ela
que sempre conserva de você uma boa lembrança. Os do Seminário perseveram e
correspondem às graças de Deus; faça como eles, meu caro irmão, é o voto mais
caro de
Seu todo dedicado amigo em J.C.
Le Prevost
|