Dedicação e zelo do
Sr. Le Prevost junto aos pobres. Uma benfeitora está doente; aceitação cristã
da doença. Pedido instante de orações por sua esposa, a quem convenceu de levar
uma pequena medalha.
Paris, 29
de dezembro de 1837
Meu muito querido amigo e irmão em J.C.,
Recebi sua carta com os 30 francos para o aluguel
de suas pobres senhoras; procurarei reunir o resto e espero que a Providência
proverá a isso desta vez como no passado.
Fico, por ocasião dessas pobres senhoras,
encarregado de um recado para você da parte de Dona Houdan. Ela o avisa que não
tem mais possibilidade doravante de gerir os pequenos juros que você lhe havia
confiado e que será substituída nesse cargo pela Senhorita Montvoisin
(atualmente morando com a Senhorita Dumay) a quem será bom que mande fundos,
visto que os recursos deixados por você estão inteiramente esgotados.
Você já sabe talvez, meu caro amigo, por que a
boa Sra. Houdan lhe dá esse aviso; é porque sua saúde está tão alterada desde
há vários meses que toda ocupação exterior se torna impossível a ela. Ignoro o
triste estado dessa excelente senhora e fiquei dolorosamente impressionado por
sua posição; ela é tal, meu caro amigo, que algumas semanas parecem o termo de
sua carreira. Desde certo tempo, seu peito foi afetado da maneira mais grave, e
os cuidados e a ciência fracassaram para remediar isso. Sua resignação e sua
paciência são tantas que se poderia esperar de uma alma tão generosamente dada
a Deus, e Deus, por sua vez, a recompensa disso por grandes consolações
espirituais. Monsenhor de Nancy vem dizer-lhe a Santa Missa freqüentemente em
seu apartamento e, cada cinco dias, a Santa Comunhão lhe é dada por autorização
de Monsenhor o Arcebispo de Paris.
Acrescento, meu caro amigo, e é um ponto
essencial, que do 3 ao 12 de janeiro, o Príncipe Hohenlohe deve fazer uma
novena à intenção dela. A doente pede o sufrágio de suas orações mais
fervorosas; as práticas são deixadas à escolha com simples recomendação de
devoção e lembrança aos Sagrados Corações de Jesus e de Maria.
Dona Houdan espera muito dessa piedosa
intercessão e espera por aí seu restabelecimento. Sem isso, meu caro amigo,
quer dizer exceto o caso de milagre, a cura é impossível. Aliás, o sacrifício é
consumado pela pobre doente. Você ama a Deus bastante, lhe dizia eu, para
bendizê-lo ainda, se, em lugar da saúde, Ele lhe concede um acréscimo de graças
espirituais? Oh! sim, respondeu ela, sua santíssima vontade seja feita!
Seguramente, meu caro amigo, não se pode defender de emoção vendo-a tão fraca,
tão esgotada; mas, no entanto, não saberíamos lastimá-la, não é verdade? Morrer
assim é uma sorte bem digna de inveja, e possa o Senhor conceder aos nossos
votos uma tal morte, fosse ela bem rápida, fosse ela também penosa e dolorosa.
Adeus, meu caro amigo, é tudo o que tenho tempo
de dizer-lhe hoje, mandar-lhe-ei logo informações a respeito dos cursos de
Saint-Sulpice.
Seu irmão em J.C.
Le Prevost
(reze por mim)
P.S. Minha mulher consentiu em levar uma
pequena medalha, reze por mim, caro irmão, bem instantemente por ela.
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