Informações sobre os
cursos do Seminário Saint-Sulpice. Atividades da Sociedade de São Vicente de
Paulo e da Obra dos Aprendizes. Falecimento de dois confrades, entre os quais
G. de la Noue. A
Conferência St-Sulpice se expande para Saint François-Xavier des Missions.
Dedicação do Sr. Urvoy de Saint Bedan.
Paris, 17
de fevereiro de 1838
Meu querido amigo e irmão,
É agora ou nunca a hora de cumprir a
promessa de lhe escrever. Talvez você até esteja achando que já não dá mais
tempo e que, para elaborar uma determinação sobre o assunto de que você me
tinha falado, era-lhe necessário ter informações com maior antecedência.
Ei-las, meu caro amigo. Restar-lhe-á ainda todo o santo tempo da Quaresma para
refletir sobre a o assunto e para pedir conselho ao bom Deus. St Sulpice
estudará depois da Páscoa o dogma da Graça, e, na moral, os Contratos. Não se
saberia achar matéria mais importante, e tenho grande esperança de que você vai
querer vir aqui trabalhá-la. Seus confrades Estève, Lambert, de Goy e outros o
desejam também sinceramente. Procure satisfazê-los, se é por outro lado a
vontade do Mestre supremo a quem você pertence.
Não sei se teve notícias de nossa pobre Senhora
Houdan. Ela ainda definha, sempre enfraquecendo e declinando de um dia para
outro. O Senhor cumpre nela a obra de uma purificação inteira. Esperemos que,
após tantos sofrimentos, a julgará digna do céu. Seu filho mais velho
chegou e se encontra junto dela. Estará próximo, para lhe fechar os olhos. É
bem jovem, mas é uma lição bem grande também e bem solene a da morte de uma mãe
e de uma mãe tão cristã. Esta lembrança lhe ficará e influirá sem dúvida
utilmente sobre seu futuro. Já que estamos falando de assunto tão grave, devo
dizer-lhe que, nestes últimos dias, perdemos nosso caro confrade Gustave de la Noue, o poeta, o escritor!
Morreu nos sentimentos mais tocantes de piedade e de resignação. Um outro
membro também de nossa secão Saint-Sulpice morreu no mesmo dia e foi enterrado
na mesma hora. Foi arrancado em 24 horas por uma febre cerebral, e tão
inopinadamente que nenhum socorro religioso pôde ser-lhe dado. Felizmente, ele
vivia como santo. Espero que a morte não o tenha
apanhado de surpresa.
Nossa pequena Sociedade, que lhe interessa
sempre, vai bastante bem até agora. Além de várias seções novas que estão se
formando no interior, três se estabelecem neste momento em Paris; em
Saint-Nicolas, em Saint-Germain des Prés e nas Missões. Esta última é uma
colônia de Saint-Sulpice. Ela se reúne na casa dos Lazaristas, perto das
relíquias de nosso bem-aventurado padroeiro São Vicente de Paulo. Esperamos que
isso lhe será fator de felicidade e que o espírito de caridade estará no meio
dela. Nossos aprendizes vão bem, temos 15; o bom Sr. de Kerguelen ainda não os
deixou. Uma loteria está em andamento para sustentar e ampliar essa pequena
obra. Fala-se também de um sermão. Se tudo isso der certo, tentaremos ter uma
nova série de aprendizes que seriam gravadores em bronze. Reze bem,
para que Deus nos abençoe e que tudo isso seja puramente para sua glória.
Suas boas senhoras vão razoavelmente bem. O bom
Sr. Urvoy83, aqui para um pouco de tempo, cuida da querida Senhora
Delatre. A filha dessa pobre senhora definha tristemente e anda, acho eu, para
um fim pouco remoto. Quantos mortos e moribundos! Meu caro amigo, esta breve
carta está toda cheia deles; mas, falo nisso sem tristeza et você me ouvirá do
mesmo jeito, pois todos morrem no Senhor e só podemos invejar sua sorte. Adeus,
meu querido irmão, espero você logo, sua presença me fará bem e me encorajará a
amar a Deus que sirvo com um certo movimento, mas, receio, sem muito
progredir..... Adeus, rezo sempre por você, reze constantemente por mim.
Seu
devotado irmão em J.C.
Le Prevost
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