Alegrias da paternidade.
Encoraja a desenvolver a Conferência de S.V. de Paulo de Angers. Espírito de
humildade nas obras: “Deus não acha dignos de grandes coisas os que se acham
elevados demais para as pequenas”. Difusão do livro editado por seus cuidados [Vida de S.V. de Paulo]
1o
de setembro de 1839
Meu caro Victor,
Você tem agora tantos e tão caros objetos para ocupar suas afeições que seria,
talvez, desculpável que nos esquecesse um pouco, nós que estamos tão longe e
eu, sobretudo, que valho tão pouco. Atesto, porém, que não é nada disso.
Prometemos um ao outro, anos atrás, que nada iria prevalecer contra nossa
afeição e não seria você seguramente que faltaria, o primeiro, com a
fidelidade. Quereria somente que você me escrevesse um pouco mais vezes, eu lhe
responderia e isso me deixaria o coração mais satisfeito.
Tive notícias suas, bem fresquinhas estes últimos dias: encontrei Théodore,
que eu não sabia estar de volta e que me falou de todos vocês, inclusive o
sobrinho com quem, contra sua própria expectativa, está muito encantado. É uma
maravilhosa coisa o sangue, e a afinidade que ele põe entre nós tem muitos
segredos que nossa vista curta não penetra. Apraz-me imaginar, às vezes,
enquanto posso e a partir do conhecido para o desconhecido, o que devem ser
para você as alegrias paternas, para você a quem os sentimentos naturais
empolgam tão ardentemente, para você que já sabia tão bem amar os demais;
quanto, então, você ama este filho que anda, que fala, que o chama e o aperta
com seus pequenos braços! Creio que tenho somente uma fraca idéia de tudo isso;
em Deus, no entanto, toda afeição deve se compreender. Se soubesse ao menos religar-me
firmemente, por este lado, ficaria ao nível de tudo. Farei esforços, fosse
somente para permanecer unido às suas afeições mais íntimas e, como sempre,
tomar nelas minha parte.
Saí para ver seu bom
pai, que me disseram estar aqui. Não pude encontrá-lo, ele está constantemente
em corridas, arrumando tudo, atento a tudo com sua providência paterna. Ele
aplaina os caminhos para seu filho Théodore e procura sem dúvida que nada possa
ferir seu pé nesta longa corrida que ele vai realizar. Tanta solicitude, tantos
cuidados são bem comovedores; consolam e tornam feliz quem assiste. A gente ama
melhor a espécie humana ao achá-la capaz de uma dedicação tão generosa.
Espero que seus trabalhos não o terão impedido de prestar assistência à pequena
Sociedade de São Vicente de Paulo, que se formou na sua cidade88. Não desanime, conjuro-o, se isso é bem pequeno e de
uma simplicidade um pouco infantil no seu começo. Creio que as obras de Deus se
produzem assim ordinariamente, a fim de servir de prova para a humildade. Deus
não acha dignos de grandes coisas aqueles que se acham elevados demais para as
pequenas. Essa sociedade fez, aqui e em muitos lugares ainda, um bem muito
real. Teria uma verdadeira alegria no fato dela se enraizar totalmente
entre vocês, e peço-lhe sua cooperação cordial para chegar a isso. Você verá
que a recompensa não lhe faltará em seguida.
Providencio a colocação, na casa do Sr. Th. Leclerc, de um lote de 25
exemplares de nossa Vie
de St Vincent (2 vol. in-8).
O preço de livraria é de 7f
50; mas vendidos por nós, só se pagam 6f, sobre os quais 1f é ainda retido pela
Conferência de Paris ou do Interior que faz as aplicações, de sorte que temos
de dar conta somente de 5f
para cada exemplar. Sobre os 25 que lhe mando, 12 (as coberturas pálidas) têm
retratos um pouco mais caprichados que os demais. Você os dará a quem quiser.
Aliás, na primeira encomenda que pedir após esta, todas as gravuras serão
igualmente boas. Procure empurrar um pouco este pequeno negócio, que não é sem
interesses para a Sociedade.
Adeus, meu querido Victor. O amigo Hubert lhe entregará esta carta. É um
honesto rapaz.
Mil lembranças bem afetuosas para sua querida mulher e também mil ternuras para
seu querido filhinho.
Seu devotado amigo e irmão
Le Prevost
Evite absolutamente de se esquecer de mim junto a meus bons amigos Adrien
e seu irmão, Gavard, Bruneau, Nerbonne, Léon.
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