Parabéns pelo
nascimento do filho. A piedade para com a Virgem Maria, nas
famílias. Deus e seu amor, objetivo de toda existência humana. Confraria dos
artistas. Deus e a arte.
[23 de
julho de 1841]
Meu querido confrade,
Como você é amável, por nos ter comunicado logo o feliz evento que veio alegrar
sua família e trazer sobretudo a alegria em seu coração tão terno e tão amante.
Acredite, querido amigo, que se eu sou um pouco demorado para lhe responder,
isso não impediu que tomasse vivamente parte na sua felicidade. Todos os nossos
confrades juntos rezaram pela criança recém-nascida, e do meu lado, a
recomendei a Deus, particularmente no tempo que você me havia indicado.
Sua terna piedade para com Maria lhe será bem paga seguramente, ela adotará
essa criança que você lhe deu, vigiará sobre ela e a guardará para o Senhor. Se
em cada família costumes tão santos fossem habituais, o mundo mudaria de face,
tornaria a ser cristão e, com a felicidade da geração presente, asseguraria
ainda a das gerações futuras.
Tenha a bondade, caro amigo, de transmitir meus parabéns à Senhora d’Assonville
e de me fazer também lembrado por seu bom pai, cuja alegria toda partilho
igualmente.
Temos recebido estes últimos dias notícias do Sr. de Cantricaut que, por sua
vez, nos informa que sua criança nasceu. É uma filha; Deus partilha seus
dons; talvez essas duas queridas crianças venham a se encontrar um dia no
mundo como seus pais nele se encontraram. Possa seu caminho, qualquer que seja,
e seu destino neste mundo ser bom e levar bem direto ao objetivo de toda
existência humana: Deus e seu amor. É seu voto por seu filho, caro amigo, e
associo-me a ele de coração.
Nossas pequenas associações vão sempre bastante bem; a Confraria dos Artistas
que o interessa em particular se mantém e progride; que alegria se alguma feliz
reação pudesse realizar-se nas artes; se os artistas subissem novamente enfim à
única fonte do belo, compreendessem o fim verdadeiro da arte, a grandeza de sua
missão e a obrigação que tem todo ser humano dotado de gênio ou de
talento de fazê-los servir a glorificar o autor desses dons, a engrandecer sua
alma e elevar a alma de seus irmãos!
Estamos bem longe disso hoje, mas chegaremos talvez um dia. Se seu pequeno
filho pintar como você um dia, oh! como estou bem certo que você soprará em sua
alma santas inspirações para espiritualizar suas obras e dar-lhes o valor de
atos morais, que pesam diante de Deus e são os únicos a merecer também a glória
e a estima dos homens.
Adeus, caro amigo, informe-nos das coisas que o interessam, e acredite no terno
apego de
Seu
devotado irmão em J.C.
Le Prevost
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